Febre Amarela: A culpa não é do Macaco!

Casos da doença em primatas voltam a ser registrados no Brasil. Vacinação é a forma eficaz de prevenir a contaminação em humanos.

A febre amarela voltou a provocar a morte de macacos em nosso país, com registros nos estados do sul e em São Paulo. É importante frisar para toda a população que os macacos não são os vilões, mas vítimas. Mais que isso, eles podem ser considerados também como heróis, uma vez que são essenciais para o monitoramento da doença. Não existe transmissão de Febre Amarela de macacos para humanos: apenas os mosquitos transmitem o vírus.

Segundo o Ministério da Saúde além das mortes já constatadas de primatas nestes locais, há mais de mil notificações ainda em investigação. Esse quadro levou o órgão a retomar as campanhas de vacinação, além de criar campanhas contra a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da doença. A imunização é fundamental para impedir o avanço dos casos da febre amarela.

Quanto aos macacos, é preciso ampliar o conhecimento da população sobre seu papel de “sentinela”. A ideia é evitar mortes destes animais por pessoas que tenham medo da doença, como se viu em 2019. “O macaco é o principal indicador de que a doença está circulando no local. É graças aos diagnósticos em primatas que conseguimos impedir que aconteça a morte de pessoas”, explica o presidente da Comissão de Médicos-Veterinários de Animais Selvagens (CMVAS) do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), Marcello Nardi.

É importante ressaltar que além de uma crueldade, matar animais é crime! A Lei Federal nº 9.605/98, também conhecida como lei de crimes ambientais, prevê detenção e multa. Para os humanos, esse crime tem ainda mais consequências de longo prazo. Segundo o médico-veterinário Marcello Nardi, agredir as populações de macacos elimina uma proteção natural.

Transmissão nas matas

A febre amarela é transmitida por meio da picada de mosquitos seja em áreas silvestres ou urbanas. Os insetos, porém, não são os mesmos nos dois ambientes. Nas matas, a doença pelos mosquitos Haemagogus e o Sabethes. Seu controle é um desafio para os profissionais.

“Combater o mosquito vetor da febre amarela na mata é um desafio maior. A proliferação do Aedes aegypti depende da vigilância da ação dos humanos, impedindo locais de foco de reprodução, como a água parada. Na mata, não podemos usar qualquer medida que desequilibre o meio ambiente”, explica Nardi. Uma vacina para os macacos já está em desenvolvimento.

Transmissão na cidade

O mosquito Aedes aegypti, que sempre volta à mídia é o grande vilão da história. É o mesmo mosquito que também transmite a Dengue, o Zika vírus e a Chikungunya. Cuidados essências para evitar a proliferação do mosquito devem ser tomados por todos, em qualquer época do ano, independentemente dos surtos de doença.

Tampar caixas d’água, esvaziar a água acumulada em pneus e colocar areia em pratinhos de plantas é uma providência necessária. Fechar bem os sacos de lixo e limpar calhas são outas recomendações, além de lavar semanalmente com escova e sabão os tanques usados para armazenamento de água.

Do ponto de vista de cuidados pessoais, o uso de repelentes, quando se vai a áreas com presença de mosquitos é importante, para evitar picadas. A imunização por vacina, para pessoas entre 6 meses e 60 anos de idade é fundamental. Basta uma dose e lembrar que a eficiência da vacina passa a ser contada cerca de 12 dias após a aplicação.   

SINTOMAS DA FEBRE AMARELA EM HUMANOS
Dor de cabeça
Náuseas e vômitos
Fadiga e fraqueza
Febre súbita
Calafrios
Dores nas costas
Dores no corpo em geral