Transtorno alimentar não é frescura

02 de junho é o Dia Mundial de Conscientização sobre os Transtornos Alimentares.

Os transtornos alimentares, ou distúrbios alimentares, são caracterizados pela OPAS (Organização Pan-americana da Saúde) como comportamentos alimentares nocivos, como restrição de calorias ou compulsão alimentar. Eles vão desde a privação de alimentação até a ingestão ‘incontrolável’ de alimentos. Em qualquer dos extremos, o problema necessita um olhar atento e sério, uma vez que não se trata apenas de uma ‘mania’.

Dia 2 de junho é o Dia Mundial de Conscientização dos Transtornos Alimentares. Uma data para se chamar a atenção ao problema que atinge uma parcela substancial da população. Não são apenas casos de anorexia, bulimía e compulsão alimentar isolados que ocorrem. Em grande parte, essas condições se associam a outros problemas de saúde e algumas deficiências.

Brasil na estatística

Dados fornecidos pelo Ambulatório de Transtornos Alimentares da USP (AMBULIM), referem um levantamento da OMS. Cerca de 2,6% da população mundial sofre de Transtorno Compulsivo Alimentar (TCA). Há uma indicação de que o Brasil tem uma das taxas mais altas do mundo. São 4,7%: quase o dobro da média mundial, sendo mais recorrente entre jovens de 14 a 18 anos.

A psicóloga Valeska Bassan, coordenadora do AMBULIM explica que pessoas com o TCA não conseguem parar de comer. Isso ocorre mesmo tendo a sensação de saciedade e desconforto abdominal. Ela ressalta que é importante buscar ajuda médica, que pode envolver uso de medicamentos e, ainda, acompanhamento psicológico.

A anorexia e a bulimia nervosa são relacionadas com a maneira como a pessoa lida com a comida. Existe uma preocupação com forma ou o peso do corpo. “No primeiro caso a pessoa para de comer. No segundo sente culpa pela compulsão, resultando em vômito induzido ou uso de diuréticos ou laxantes”, explica a psicóloga. Para estes quadros também é importante o acompanhamento médico.

Cuidados na quarentena

A situação presente, de isolamento social pode atuar como um gatilho para todos estes distúrbios alimentares. É muito comum em grupos de conversas serem relatados o aumento do consumo de alimentos por um lado e a inapetência por outro. Qualquer extremo deve ser cuidado. “Durante esse período de isolamento social e home office é comum a mudança de hábitos alimentares. Uma forma de evitar esses gatilhos é organizar uma rotina de trabalho com pausas para a alimentação, respeitando os horário das refeições”, sugere a profisisonal.

Definições da NESA (National Eating Disorders)
Anorexia: medo de ganhar peso e distorção de imagem quanto ao próprio corpo. Restrição voluntária do número de calorias ingeridas diariamente.

Bulimia: episódios recorrentes de compulsão alimentar e a sensação de falta de controle sobre a quantidade ingerida. Uso de métodos ‘compensatórios’ para evitar o ganho de peso decorrente dessa alimentação, como uso de diuréticos ou laxantes, e indução ao vômito.

Ortorexia - compulsão por checar tabelas nutricionais de alimentos, checar ingredientes. Leva muitas vezes ao corte radical de grupos alimentares, como carboidratos, açúcar, carnes, etc). Preocupação excessiva sobre alimentação. Não necessariamente ligada à preocupação com aparencia física.

Compulsão Alimentar: episódios de ingestão descontrolada de alimentos. Segundo a NEDA os comportamentos podem ser: comer muito rapidamente e em grande quantidade, comer bastante mesmo quando não se tem fome, comer até ultrapassar o limite da dor.

Alimentação Seletiva Restritiva (ARFID): não se relaciona à autoimagem, mas o indivíduo não consegue se alimentar em função de cheiro, cor, textura da comida. Leva a uma perda de peso excessiva. Muitas vezes o sujeito não é capaz de ingerir nutrientes suficientes para manter a saúde e tem sintomas associados de isolamento.

https://www.nationaleatingdisorders.org/what-are-eating-disorders