Máscara: nossa companhia em 2021

imagem de um jovem colocando uma máscara segurando corretamente pelos elásticos.
Foto de Norma Mortenson no Pexels

Além de usar a máscara é preciso usá-la da forma correta. Mesmo quem for vacinado não poderá deixar de usá-la, por uma questão de saúde coletiva.

[atualizado em 11.01, 9h45]

Se há uma unanimidade entre médicos, pesquisadores e todos aqueles que estudam ou leem mais sobre COVID-19, ela é a importância do uso da máscara. A vacina está batendo à nossa porta, mas não irá eliminar em um futuro próximo a necessidade deste ‘acessório’. O uso independe de ter sido vacinado ou não, assim como não é restrito a quem é do grupo de risco. Todos precisam usar: para proteger a si próprio e aos outros, conhecidos ou não. Perguntamos a três profissionais da saúde, ligadas à pesquisa e ao dia a dia dessa pandemia, quais os cuidados básicos que garantem a efetividade da máscara.

Conversaram conosco, a infectologista do Hospital Moriah, Dra. Mariana Sauer. Também a Dra. Nicolle Queiroz, cardiologista, membro do corpo clínico dos hospitais Albert Einstein e São Luiz. E a neuropsicóloga e pesquisadora, Dra. Livia Stocco Sanches Valentin, da Faculdade de Medicina da USP. Todas elas reforçam a informação de que o caminho é longo e não se pode cravar um prazo antes de verificar a resposta da vacinação. Para quem está ansioso por um número, a Dra. Mariana comenta: “Vamos usar a máscara pelo menos ao longo de mais um ano – e há quem diga dois anos e eu não duvido”.

A melhor máscara

Para pessoas que não trabalhem na chamada ‘linha de frente’, nem estiverem doentes, ou em contato com doente, usar máscara de algodão é suficiente. A infectologista do Hospital Moriah  recomenda que sejam preferencialmente com três camadas e sem a costura frontal. O conselho é reforçado pela Dra. Nicolle, que acrescenta: “O tecido precisa ser com a trama menor possível, quanto mais poroso, mais camadas”. O uso da seda, vista com menos frequência nas ruas é também indicado. A Dra. Livia afirma que o material é eficaz na proteção contra qualquer vírus ou infiltração de micro-organismos, e mesmo de poeira nas ruas.

Segundo ela, “muito se falou no início sobre a N95 ou a cirurgica como sendo as máscaras ideais, mas estas são EPIs para segurança do trabalho. Devem ser usadas em ambientes contaminados ou que ofereçam riscos de contaminação, como centros cirúrgicos. Para uso comum e cotidiano basta uma máscara de forro grosso ou duplo”.  A Dra. Mariana,  infectologista, acrescenta: “Tanto a PFF2, quanto a cirúrgica, são para uso mais profissional, para quem está com vírus, ou saindo do hospital. No dia a dia não há necessidade de usar estas”.  Ela comenta que as máscaras caseiras podem ser usadas, desde que cuidando a escolha do tecido.

Cuidados no uso

A infectologista Mariana Sauer faz um lembrete importante: “Uso da máscara não te dá segurança de ficar a menos de um metro e meio de distância do outro. Diminui risco, mas não garante”. Outro cuidado importante é com relação à colocação. Ela precisa estar bem adaptada ao rosto, cobrir o nariz e ir até embaixo do queixo, para que ela não suba. Lembre-se de respirar sempre através da máscara. É fundamental lembrar que sempre que a máscara fique umedecida ou a cada duas horas, é preciso trocá-la. “Sempre guardar em um saquinho e chegando em casa lavar e por pra secar”, lembra a Dra. Nicolle.

Não adianta usar e guardar usada”, reforça a Dra. Lívia Valentim. Ela acrescenta: “As descartáveis devem ser utilizadas por profissionais de saúde quando estão em seus ambientes de trabalho. Portanto, quando estes profissionais estiverem em momento de lazer ou outros afazeres em ambientes públicos sempre devem usar máscaras e preferencialmente de pano”. Sobre as máscaras profissionais, a Dra. Nicolle alerta: “a PFF2 precisa estar íntegra, já a máscara N95 não pode molhar e não se pode encostar na face externa dela”.

Costura e tecido tecnológico

Com relação à costura frontal das máscaras de pano, a Dra. Nicolle recomenda que seja evitada. No entanto, algumas pessoas podem ver vantagem na costura frontal, por deixar a máscara mais anatômica e, portanto, se moldando mais ao rosto. A Dra Mariana faz um importante alerta sobre a confecção. “O ideal é a máscara em três camadas e não fazer as três com a costura no mesmo lugar”.  A neuropsicóloga Lívia, não considera um problema a costura frontal, “a costura tem, inclusive, camadas sobrepostas de tecido, o que dificultaria a passagem de ar e,  consequentemente, de qualquer resíduo que possa tentar passar”.

Sobre os tecidos tecnológicos, com propriedades antivirais, a professora e pesquisadora Dra. Lívia Valentim confirma que são muito eficientes. [publicamos matéria em julho sobre um deles, clique aqui para ler] Claro que é preciso se assegurar da procedência do tecido e verificar se realmente foi desenvolvido na indústria indicada. Ela lembra que estas máscaras, em sua maioria, usam Íons de Prata e com o tempo e as lavadas, elas perdem a proteção. Neste momento, o tecido passa a ter mesma eficácia das máscaras de pano convencionais, devendo ser usada em várias camadas.

Higienização e vida útil

Para lavar as máscaras após cada uso, existem algumas recomendações. A Dra. Mariana indica deixar de molho no cloro diluído por no máximo 20 minutos. Depois, lavar bem com água e sabão neutro. Para secar, passar a ferro ou usar o secador de cabelo. A Dra. Lívia faz uma recomendação alternativa de três etapas. Um primeiro enxágue com água e sabão, depois o molho ou lavagem com água sanitária ou Lisoforme, antes de mais um enxague. Depois de seca, passar a ferro. Para a Dra. Nicolle é importante é não esquecer de lavar sempre a cada duas horas de uso, podendo usar apenas água e sabão.  

Com tantas lavadas, é fundamental lembrar que as máscaras são uma camada de proteção de pano, que temos para evitar uma contaminação. Desta forma, não adianta usar a mesma máscara por muito tempo: existe uma vida útil do tecido. A pesquisadora da FMUSP comenta que não é preciso o descarte enquanto ele não estiver desgastado. Para evitar dúvidas quanto ao ‘ponto’ de desgaste, a infectologista Mariana Sauer, do Hospital Moriah,  recomenda que as máscaras sejam substituídas a cada 30 lavagens. Como não é comum contar as vezes em que se lava a máscara, se elas forem usadas sempre, descartar após um mês.

Recomendações finais

Além da forma de ‘vestir’ a máscara, sua manipulação deve ser levada à sério. A Dra. Mariana reforça a necessidade de sempre mexer pelo elástico. Quando tirar, colocar em um saquinho, de preferência, de papel. Lembrar de sempre higienizar as mãos e evitar tocar nos olhos. A máscara deve fechar bem o rosto, tampando nariz e boca. Importante frisar, como comenta a Dra. Nicolle que “a melhor máscara é aquela que é usada corretamente”. Nesta linha, a Dra. Livia lembra que “na falta com forro duplo, tendo a possibilidade de usar duas sobrepostas use-as. Caso tenha somente uma, este uso é melhor do que nenhuma proteção”.

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