Profissionais da saúde consultadas pelo site indicam cuidados fundamentais para garantir que o uso dos fones traga apenas benefícios. Entre eles está não apenas o volume que é usado, mas também o tempo de uso e os cuidados com a higiene.
Usar fones de ouvido tem sido cada vez mais comum no dia a dia das pessoas. Seja para falar ao celular, escutar música, assistir aulas ou participar de reuniões, os fones vêm sendo usados com frequência. Fonoaudiólogas especializadas em audição alertam para a necessidade do uso correto do equipamento, para evitar perdas que podem ser permanentes. Elas ocorrem, entre outros motivos, quando o volume do som escutado ultrapassa o nível de tolerância do ouvido humano. É importante prestar atenção ao volume e também ao tempo diário de exposição.
Existem situações em que o uso dos fones de ouvido pode ser positivo, para facilitar a concentração. Eles direcionam o som e devem estar em volume confortável, dentro dos limites indicados para seres humanos. Em um ambiente muito barulhento, a tendencia é aumentar o som nos fones, o que aumenta também a probabilidade da perda auditiva. Os problemas de audição, causados por um alto volume, podem ser temporários, mas nem sempre é assim. Quando usados por mais tempo que o indicado, de acordo com o volume, podem causar inicialmente zumbido ou uma sensação de som abafado. Se essa exposição se prolongar, a perda pode passar a ser permanente e irreversível.
Para aulas online
Segundo a fonoaudióloga Patrícia Pennini, mestre em Audiologia Clínica, quando o uso dos fones é feito em um nível confortável (70dB), não há risco de perdas auditivas. Ela ressalta, no entanto, que é essencial equilibrar o tempo de uso com o volume do som. Em um momento que muitas crianças passam a usar fones diariamente para assistir a aulas online, os pais devem prestar atenção e controlar este volume. Para crianças e adolescentes, a recomendação é manter um volume que não passe da metade da capacidade média dos fones.
A recomendação é válida não apenas para as crianças que assistem aulas com fone, mas a atenção a elas é importante. Elas tendem a aumentar o volume para escutar melhor o professor, tentando deixar seu som mais alto que o ruido ambiente. Patrícia informa que os fones de inserção podem ser mais prejudiciais e, portanto, o ideal é optar pelos modelos com abafador de ruído. “Reduzindo o ruído externo, você pode escutar as aulas ou mesmo escutar música em um nível seguro e ainda ouvir de forma alta e clara”, comenta. Outra recomendação importante é não compartilhar os fones, principalmente os de inserção.
Limpeza dos fones
O falta de higienização adequada dos fones de ouvido também pode acarretar problemas sérios de saúde, incluindo a perda auditiva. “Isso acontece porque os fones abafam o canal auricular, o que torna a temperatura ideal para a proliferação de micro-organismos”, explica Patrícia Pennini. Os problemas vão de abcessos e inflamações como otites ou sinusites e, em casos mais graves, meningite ou perda de audição. É importante higienizar os fones de ouvido ao menos uma vez por semana com álcool isopropílico e não os deixar cair no chão ou sobre superfícies em locais públicos.
A fonoaudióloga Lorena Núñes, especialista em Audiologia e Processamento Auditivo Central, reforça esta recomendação. Ela cita a pesquisa feita pela Devry Metrocamp, de Campinas, que apontou os riscos da falta de higienização de fones. A análise foi feita em vários tipos de fones, que foram ‘emprestados’ dos usuários da forma como os usam cotidianamente. Os pesquisadores encontraram de mais de 10mil tipos de fungos e bactérias nos fones! Lorena chama a atenção ao risco de infecções, que podem afetar a audição. “Poucas pessoas têm o costume de limpar os fones e o manuseio deixa resíduos”, comenta. “Isso traz um sério risco de perda de audição em função de contaminação”.
NÃO DURMA DE FONE! Além do cuidado com higiene, o volume e o tempo de exposição, outra recomendação importante é não dormir usando fones de ouvido. “É preciso descansar as orelhas. Como um músculo, elas precisam descansar também”, comenta Patrícia Pennini.
Tempo de exposição a ruídos (com ou sem fone)
Entidades relacionadas à Segurança e Saúde Ocupacional estabelecem um limite máximo de exposição de 85 dB (decibéis) para os trabalhadores que tem turnos de 8 horas. Esse som seria semelhante a um barulho de tráfego intenso ou mesmo, um pátio de escola com crianças no intervalo. A partir deste limiar as empresas devem fornecer protetores auditivos para os funcionários. A fonoaudióloga Patricia Pennini alerta para o fato de exposição a sons apenas um pouco mais altos do que isso pode causar danos em menos de uma hora.
Lorena Núñes acrescenta que existe uma tabela que explicita o tempo máximo de exposição diária a sons para evitar perda. Ela inicia com os 85dB por 8 horas e vai além, com sons mais altos, sempre com tempo seguro máximo mais breve. Há sons do dia a dia, como sirenes ou buzinas, que alcançam 120dB. A estes a exposição não deveria passar de alguns minutos para se manter o limite tolerável ao ouvido humano. A fonoaudióloga acrescenta que é importante trabalhar abaixo do limite da tabela, pois há pessoas mais suscetíveis.
Sons agudos
A fonoaudióloga Lorena Núñes reforça que para evitar problemas auditivos causados pelo uso dos fones, é importante fazer intervalos e reduzir o volume. Ela explica que em nosso ouvido há uma estrutura responsável pela audição chamada cóclea. Ela tem formato de espiral e os sons são percebidos conforme entram nesta estrutura, começando pelos agudos logo na entrada, chegando aos graves no centro deste ‘caracol’. A perda auditiva por excesso de volume ou exposição também segue este caminho.
Lorena comenta que a perda por ruído, que começa pelos agudos, é irreversível. Muitos jovens têm perdas em algumas frequências agudas em virtude do uso do fone de ouvido. Em seu consultório, a fonoaudióloga, especialista em Audiologia, tem visto muitas vezes em exames esse tipo de alteração. Ela comenta que as audiometrias apontam para perdas que nem sempre acontecem nos dois ouvidos. O motivo é que estes adolescentes e jovens muitas vezes usam os fones em apenas um dos lados, o que acaba preservando em parte esta audição.
PARA HIGIENE PESSOAL, use cotonetes para limpar apenas a orelha externa, não limpar os condutos internamente. Os fones inseridos no canal auditivo, podem acabar empurrando a cera para a parte interna da orelha e também incentivar a redução da produção de cera, o que deixa o ouvido exposto a otites. Procure um médico otorrino se sentir dor de ouvido, coceira excessiva, diminuição de audição, desconforto ao toque ou secreções.
Contatos Fonoaudióloga Patricia Pennini - Audio Allegro site: https://www.audioallegro.com.br/ Fonoaudióloga Lorena Núñes - Luna Fonoaudiologia e-mail: lorenanunezfono@hotmail.com