Culinária Sul-mato-grossense no Campo Belo

imagem de um sobá sul-mato-grossense de shimeji, em uma cumbuca tipica da região.
Sobá de Shimeji do Sim Sobá

Um prato de origem oriental que foi declarado patrimônio imaterial de Campo Grande é a especialidade do Sim Sobá, restaurante da chef Vanessa Carvalho.

Em São Paulo, cidade com um número imenso de japoneses e descendentes, o nome Sobá não soa estranho. Mas quando se comenta que o prato é patrimônio cultural imaterial de Campo Grande, declarado pelo Iphan, a surpresa é quase imediata. A chef Vanessa Carvalho, orgulhosa de suas origens, abriu um restaurante especializado nesta iguaria e outros pratos da cultura sul-mato-grossense. O “Sim, Sobá” é um restaurante de culinária artesanal, que a partir das novas restrições da pandemia, passou a abrir apenas algumas vezes por mês para entrega ou retirada.

A história do Sobá de Mato Grosso do Sul começa com a imigração japonesa. O alimento era consumido pelos imigrantes, trabalhadores da agricultura, quase de forma escondida. Conta a chef Vanessa, que na feira noturna de Campo Grande, eles vendiam verduras e legumes, e também pastel. Mas, quando iam jantar, sentavam-se atrás das barracas para degustar o sobá. A intensão não era esconder, mas evitar serem mal interpretados, já que o prato era bem diferente das refeições a base de carne, típicas da região. A curiosidade dos frequentadores da feira fez com que o sobá saísse do fundo das barracas e passasse a ser oferecido também aos clientes.

A ‘Feirona’ de Campo Grande é uma feira noturna, que funciona às quartas e também nos fins de semana. O hábito de fazer um lanche ‘depois da balada’ que existe em São Paulo, também era adotado por lá e o prato da madrugada era sempre o Sobá. A feirona era uma feira normal, com barracas de lona, montadas na calçada. A área em que ela acontecia foi vendida e a Feira Central, acontece hoje na Esplanada Ferroviária, com boxes de alvenaria. É um passeio turístico obrigatório da cidade. Além das frutas e verduras, também há lojas de artesanato regional e muitas ‘Sobarías’.

Receita Secreta

Os imigrantes originários de Okinawa procuravam repetir a receita original japonesa. A massa era feita com trigo sarraceno, caldo de carne de porco e cinzas de vulcão! As adaptações foram naturalmente necessárias, não apenas pela falta de algum ingrediente, mas também para se adequar ao paladar local. Além de eliminar as cinzas – que chegaram a ser substituídas por cinzas vegetais – a farinha também foi trocada. É usada uma farinha branca, especial, de trigo. A receita é mantida em segredo pelos descendentes destes imigrantes e a chef Vanessa teve a sorte de conquistar um deles. Mas levou tempo e muita conversa para isso acontecer.

Quem pretende fazer Sobá em casa, em Campo Grande, tem à disposição várias fábricas da  massa, que deve ser sempre preparada fresca. Existe um espessura própria e uma textura também particular deste macarrão. Depois de muitas tentativas, a chef convenceu um dos conhecedores da fórmula a ajudá-la. Em São Paulo, onde ela iria abrir sua sobaria, ela não teria a possibilidade de comprar uma massa pronta e não queria comprar com a massa própria para o prato oriental, uma vez que era outra receita. Vanessa se diverte ao contar que as aulas que teve com o chef japonês não foram dentro da cozinha dele. Ela era proibida de entrar.   

Do portão de casa, o Sr Domingos passava algumas dicas, e a chef anotava tudo. Depois tentava fazer em casa e retornava ao mestre pedindo mais dicas e orientações.  Já de São Paulo a mentoria continuava, com mensagens de WhatsApp e fotos, até que ela dominou a técnica e comprou uma máquina para cortar a massa à moda sul-mato-grossense. O início das vendas foi em feiras gastronômicas: ela era uma das barracas mais longevas da “Panela na Rua”, da Praça Benedito Calixto, em Pinheiros. O atendimento em endereço próprio, no Campo Belo, atendia a pedidos destes clientes que sentiam falta do Sobá em dias de semana.  

Sim Sobá e a pandemia

Em função da pandemia e das regras do Plano São Paulo, a chef Vanessa Carvalho precisou adaptar o funcionamento do restaurante. Além de não haver atendimento no local, a impossibilidade de entrega dos pratos no balcão, levaram-na a adotar uma nova estratégia. Aos 45 anos, a chef tem diversas histórias de superação em carreiras diversas, no Brasil e no exterior. Tendo sido surpreendida algumas vezes, para seu próprio negócio, ela optou pela cautela: este ano, ela abre o restaurante duas vezes por mês, testando a aceitação do modelo exclusivo de entregas.  

“Nosso primeiro ‘Dia do Sobá‘ em 2021 aconteceu no último dia 5 de março, e foi um sucesso no almoço e no jantar”, conta a chef. O restaurante Sim Sobá atende hoje, novamente, seus clientes pelo Delivery. “Vamos avaliar o movimento para decidir se ampliamos novamente esse atendimento para mais dias”, explica Vanessa. O cardápio oferece seis opções de Sobá: Carne Suína, Carne Bovina, Frango, Shimeji, Vegano e Vegetariano. Há também bebidas criadas pela chef e sobremesas típicas de Mato Grosso do Sul.  O delivery é feito por entregadores contratados pela casa, ou por aplicativos.  

Restaurante Sim Sobá
Rua Zacarias de Góes, 1770 (Campo Belo)
Sexta, 19.03, das 18h às 22h
Pedidos: (11) 2892.0527 ou (11) 98696-5212
Ou pelos aplicativos iFood e Rappi
Instagram: @simsoba
CARDÁPIO
Sobá Bovino – R$ 40,00
Sobá Suíno – R$ 36,00
Sobá de Frango – R$ 34,00
Sobá de Shimeji – R$ 44,00
Sobá Vegetariano (Shimeji) – R$ 44,00 (caldo de legumes)
Sobá Vegano (Shimeji) – R$ 46,00 (caldo de legumes, massa sem ovos e sem omelete)
Doce de abóbora com coco – R$ 8,00 (100 gramas)
Doce de abóbora em pedaços – R$ 6,00 (100 gramas)
Cachorrada Pantaneira – R$ 8,00 (100 gramas)
Geleia de Mocotó Pantaneira – R$ 4,00 (barra de 60 gramas)
Cocada Pantaneira – R$ 4,00 (barra de 55 gramas)