Aretha no Everest

aretha duarte, em uma estrada de terra, posaando, olhando para o lado, para o sol.

Começa nesta quinta-feira (01) mais uma etapa do projeto Aretha no Everest, com o embarque da montanhista e companheiros de expedição para o Nepal. Além do marco de ser a primeira mulher preta brasileira no topo do mundo, o projeto tem um significado maior, de realização de sonhos e de chamar a atenção para a diferença de oportunidades.

Há cerca de um ano, a montanhista Aretha Duarte lançou oficialmente sua campanha ‘Da Sucata ao Everest’.  A escaladora que conheceu este esporte apenas quando estava na faculdade, hoje aos 37 anos embarca para colocar seu nome na história. Na véspera de seu embarque, ela deu entrevista exclusiva ao site. Mais que a possibilidade real de ser a primeira brasileira preta a chegar ao cume do Everest, ela tem o mérito de criar uma rede gigantesca de solidariedade, com projetos que vão da reciclagem à educação esportiva para crianças carentes.

“Já ficou muito transparente que essa minha ida pro Everest tem muito a ver com uma realização de transformação social, de inspiração”, comenta Aretha. “Ela demonstra que outras Arethinhas, outras pessoas pretas ou com dificuldade financeira também podem e devem ter o direito de realizar os seus sonhos”. A escalada no Everest é uma das mais caras, se não a mais cara, no montanhismo mundial. E a escaladora campineira, conseguiu através de diversas campanhas financeiras, o valor necessário.

Estou extremamente feliz, de estar prestes a realizar essa empreitada no Everest, que é mais que desafiadora. Minha felicidade não tem a ver com o fato de ser uma pessoa preta conseguindo realizar, é entender que eu, independentemente das circunstâncias, estou prestes a embarcar por conta desse engajamento e dessa fé coletiva. Estou feliz por essa realização diante de tantas adversidades.” Aretha Duarte

A pandemia seguramente teve impacto no resultado desta preparação. Ao mesmo tempo que o preparo físico pôde ser feito em estradas rurais e espaços vazios, a impossibilidade de eventos pode ter diminuído um pouco a arrecadação financeira. Outra consequência direta foi a necessidade de antecipação da partida, com aumento do tempo de viagem, para que se cumpra um período de quarentena na chegada a Katmandu. “Me sinto orgulhosa de ter conquistado o valor necessário para a empreitada, porque por trás dela há uma missão de gerar impacto social positivo e, claro, um impacto ambiental pelo caminho que eu segui”.

A campanha financeira começou com o mote “Da Sucata ao Everest”, com coleta e venda de  plásticos e papelões para reciclagem. No meio do caminho, Aretha passou a receber também livros em bom estado e, no lugar de enviá-lo à reciclagem, montou uma biblioteca comunitária, na periferia de Campinas, onde mora. Desta proposta literária, surgiu a ideia de montar também um brechó, com roupas e acessórios doados. A economia circular se fortaleceu e ela passou a receber apoio de pessoas de diversos lugares, conhecidos e desconhecidos.

“O que me atrai na prática de montanhismo, propriamente em alta montanha, é o fato de eu estar sempre me ponto no meu limite. Pondo minha cabeça no limite, vendo quanto eu posso tolerar de adversidade, a diversidade entre pessoas no grupo, quanto eu posso me conectar à natureza e ao ambiente” Aretha Duarte

Aretha Duarte conheceu o montanhismo já adulta e se apaixonou por ele. Como profissional de educação física, começou a trabalhar como guia de montanha o lado de dois nomes importantes do esporte.  Rodrigo Raineri e Carlos Santalena, ambos com três cumes do Everest no currículo, além de diversas outras montanhas icônicas. A experiencia da brasileira é também relevante. Neste anos, entre outras conquistas já fez o Aconcágua cinco vezes, e escalou o Monte Roraima, um sonho em rocha  para muitos montanhistas.   

Estão confirmados na expedição, ao lado de Aretha Duarte, outros 3 brasileiros, partindo juntos desde o embarque em São Paulo: Leonardo Silveiro, Luiz Alex e Daniela Ruas. Outros dois brasileiros devem se unir a eles já no Campo Base do Everest. Carlos Santalena estará com o grupo até o Campo 3 e na subida ao Campo 4 se separa, indo em direção ao Lhotse, quarta montanha mais alta do mundo, com  8.516 m, ligada ao Everest neste trecho da face sul. O retorno de Aretha e do grupo ao Brasil está previsto para o final de maio. Uma conquista do cume irá deixar seu nome na história como a terceira mulher preta do mundo a realizar este feito, a primeira brasileira e segunda do continente americano.

Everest não é o final para mim, o final em projetos para mim só existe na morte. Acho que é sempre possível buscar projetos mais audaciosos. O Everest pra mim é com certeza uma parte, sei que há potencial pra acontecer. Depois disso eu posso pensar em estabelecer novos trajetos e caminhos, tem vários possíveis. Nesse momento eu estou pensando pura e exclusivamente no Everest”. Aretha Duarte

Aretha Duarte, sentada sobre sua bagagem, rumo ao Everest.
Reprodução instagram – Aretha rumo ao Everest.
ARETHA NO EVEREST
Para acompanhar a viagem e as ações sociais, siga Aretha no Instagram: @aretha_duarte
Para colaborar com seus projetos, acesse: arethanoeverest2021

4 comentários a "Aretha no Everest"

  1. Maravilhosa! Muito sucesso para Aretha!

  2. Silvio Magno | 5 de Abril, 2021 às 22:09 |

    Parabens!!!! Estamos torcendo por vc, muita determinação garra e coragem, isso e para poucos.

    • Ela está lá, já na caminhada de aproximação! Você pode acompanhar tudo pelo Instagram!

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