Exposição Descer da Nuvem será aberta sábado no Museu Judaico

Leila Danziger - Martin e Abraham, 2022 serigrafia e acrílica sobre papel, 50 x 65 cm Foto: Wilton Montenegro
Martin e Abraham, serigrafia de Leila Danziger em exposição na mostra. (Foto: Wilton Montenegro)

Descer da Nuvem, de Leila Danziger desperta reflexões acerca da identidade judaica, nomeação e memória, além de proporcionar ao público acesso a parte do acervo do museu.

A partir deste sábado, 30 de julho, o Museu Judaico de São Paulo apresenta Descer da Nuvem, exposição de Leila Danziger, com curadoria de Felipe Chaimovich. A artista, poeta, professora e pesquisadora selecionou imagens e lembranças de pessoas desconhecidas com objetos de sua própria família, combinando figuras políticas com alguns personagens de ficção. A intenção de seu trabalho é fazer com que o público reflita sobre sua própria história por meio de retratos, recordações e identidades.

Na mostra o público terá acesso a livros, fotografias e antigos documentos do Centro de Memória da instituição, o maior acervo existente sobre a imigração e presença judaica no Brasil. Leila Danziger selecionou imagens de pessoas com diversas vivências judaicas e como matéria-prima para sua criação, que se desenvolve em camadas com a superposição de elementos e matérias. “O que eu busco em cada documento é o que ele guarda ainda de futuro, é o que nele não foi realizado”, comenta a artista. 

Em uma das criações, ela elabora uma série de obras a partir de fotografias com importantes nomes de lideranças religiosas. Líderes que lutaram nos movimentos por direitos civis de pessoas negras, como o Martin Luther King e o Rabino Abraham J. Heschel, que, neste contexto de luta, proferiu a famosa frase: “senti que minhas pernas rezavam”. A artista lembra também o encontro entre Clarice Lispector e Carolina Maria de Jesus, registrando a admiração mútua de duas escritoras que marcaram a literatura do país na segunda metade do século vinte.

Leila Danziger propõe uma reflexão sobre o “nome”, uma das primeiras ferramentas da linguagem humana. A artista trouxe livros da biblioteca do Museu cujos títulos contêm a palavra “nome” . Todos disponíveis nas estantes da Biblioteca, para livre consulta. O curador Felipe Chaimovich reforça: “Ao atribuirmos nomes a antigas memórias, somos capazes de enxergar diversos futuros possíveis. (…) Se o tempo é uma dimensão humana, somos responsáveis pela nossa história.” 

Museu Judaico de São Paulo foi inaugurado em dezembro de 2021, e o seu Centro de Memória, hoje situado no bairro de Pinheiros, em breve será transferido para o museu.

Descer da Nuvem, Leila Danziger
Museu Judaico de São Paulo (MUJ)
Curadoria: Felipe Chaimovich
De 30 de julho a 6 de novembro
Abertura: sábado (30), das 11h às 14h 
Rua Martinho Prado, 128, Bela Vista 
Terça a domingo, das 10 horas às 18 horas
Ingresso:  R$ 20
Classificação Livre 

Acesso para pessoas com mobilidade reduzida

O Museu Judaico de São Paulo é um espaço que foi inaugurado após vinte anos de planejamento, fruto de uma mobilização da sociedade civil. Além de quatro andares expositivos, os visitantes também têm acesso a uma biblioteca com mais de mil livros para consulta e a um café que serve comidas judaicas. Para os projetos de 2022, o MUJ conta com doação do Instituto Cultural Vale, Instituto CCR, Família Minev, Sotreq, Fundação Arymax, Dexco e Alfa Seguros.