Estética e saúde: Depilação a laser é para todos

mulher deitada com óculos de proteção realizando depilação a laser
imagem pexels by Gustavo Fring

A evolução da tecnologia permite hoje que mesmo crianças e quem tem a pele escura possam realizar a retirada de pelos indesejados de forma efetiva e com segurança

Ela não é definitiva como se dizia no passado, mas a depilação a laser continua sendo uma grande auxiliar para homens e mulheres não apenas no ponto de vista estético, como também de saúde. Um dos grandes avanços que o procedimento experimentou foi o maior conhecimento do raio em si e de como isolá-lo, o que permite seu uso com mais precisão e eficácia. Diferentes tipos de laser, com comprimentos de onda diferentes, são usados em diversas áreas da medicina, como na oftalmologia, na neurologia e em cirurgias vasculares.

O Dr. Cláudio Roncatti, cirurgião plástico e fundador da Sociedade Brasileira de Laser, comenta que a história do laser teve origem já com Albert Einstein que, em 1917, demonstrou em experimento que a luz retirava dos metais “alguma coisa” que criava uma corrente elétrica. Foi um passo importante para se chegar ao que existe hoje. A evolução das pesquisas ainda passou pelo meiser até se chegasse aos primeiros equipamentos de laser. Para seu uso na depilação, Dr. Claudio comenta que o grande desafio era fazer uma luz chegar ao foliculo piloso sem queimar a derme.

No início do uso do laser para a depilação, por volta do ano 2000, os equipamentos eram mais precários, explica o Dr. José Roberto Fraga Filho. Por isso, a ideia que se tem de que não são todos os tipos de pelo e de pele que podem se beneficiar. Um grande desafio sempre foi a pele de Fototipo alto (veja quadro abaixo). O laser da depilação vai até o foliculo piloso. “A luz vai até o bulbo e coagula este bulbo, ele vai atrás do pigmento escuro”, comenta o dermatologista. “Por isso que, mesmo nas máquinas mais modernas, a depilação é mais efetiva se o paciente tiver pele clara e não bronzeada”.

A mais famosa classificação dos fototipos cutâneos é a escala Fitzpatrick, criada em 1976 pelo médico norte-americano Thomas B. Fitzpatrick. Ele classificou a pele em fototipos de um a seis, a partir da capacidade de cada pessoa em se bronzear, assim como, sensibilidade e vermelhidão quando exposta ao sol, sendo:

Fototipo 1: pele extremamente branca
Sempre queima – nunca bronzeia – muito sensível ao sol.
Fototipo 2: pele branca
Sempre queima – bronzeia muito pouco – sensível ao sol.
Fototipo 3: pele morena clara
Queima (moderadamente)– bronzeia (moderadamente) – sensibilidade normal ao sol.
Fototipo 4: pele morena média
Queima (pouco) – sempre bronzeia – sensibilidade normal ao sol.
Fototipo 5: pele morena escura
Queima (raramente) – sempre bronzeia – pouco sensível ao sol.
Fototipo 6: pele negra 
Nunca queima – totalmente pigmentada – insensível ao sol.

extraído de sociedade brasileira de dermatologia

O desafio dos extremos: pelos brancos e peles negras

É importante saber que não há numero fixo de aplicações. O Dr. Fraga comenta que quanto mais claro o pelo, mais sessões serão necessárias, com uso de menor energia, para não se queimar a pele do paciente. Até para os pelos brancos, sem pigmentação, existe uma saída! A solução é apontada pelo Dr. Claudio: “A luz do laser é atraída por cor. Por este motivo, pelos mais escuros terão mais absorção da luz. Mas não é porque seu pelo é naturalmente claro que o laser não será efetivo. As clínicas poderão pintar o folículo, que também é branco, com uma pasta de carbono, deixando-o mais escuro”.

Para peles negras, que também sofriam pela questão da atração do laser à cor escura, a evolução tecnológica também trouxe um grande benefício. Há equipamentos hoje que emitem pulsos com tempos extremamente mais curtos e energia de 6 milhões de watts. Ele atinge o folículo muito rapidamente, e não queima a pele. Já existe no mercado um equipamento que mede a melanina do paciente e calcula a energia que precisa ser aplicada. Mesmo com este, assim como no caso dos pelos claros, são necessárias mais sessões com intervalos um pouco maiores por uma questão de segurança.

Os principais laseres usados na depilação

O Laser Alexandrite é uma tecnologia que trabalha com um comprimento de onda de 755nm (nanômetros), a menor entre os laseres mais comuns para depilação. Ele tem penetração mais superficial até a derme média. Ele é mais indicado para pelos enraizados superficialmente, faz peles claras muito bem e é menos dolorido. 
O Laser de Diodo possui um comprimento de onda de 810 nm. É capaz de penetrar mais profundamente no folículo, sendo um método considerado eficiente para eliminação pelos de várias partes do corpo. Ele pode ser usado em diversos fototipos (tons de pele), mas principalmente peles claras com pelos escuros.
O Laser de Neodimio YAG é o mais eficaz para peles escuras e negras. Ele tem o maior comprimento de onda entre os equipamentos usados atualmente, com 1064 nm e é aplicado em intervalos extremamente curtos, em nanosegundos. Possui amplo espectro de ação, tendo várias indicações clínicas. Por apresentar baixa afinidade pela melanina é seguro, tanto em peles claras quanto em negras e bronzeadas

Dr Enio Zyman, médico dermatologista e alergista, ressalta que a diminuição dos pelos e de sua espessura é definitiva, mas sempre vai haver uma volta. Ele explica que o bulbo capilar, a raiz do pelo, tem muitas células tronco e, então, sempre “alguma coisa se recupera”, como uma penugem. Na mesma direção, o Dr. Fraga comenta que os pelos que costumam voltar mais são os do rosto. Ele costuma recomendar um retorno anual para uma nova sessão. “No restante do corpo, tendo feito o ciclo todo de sessões raramente voltam de uma forma que chegue a incomodar”, complementa.

Desenvolvimento do corpo e depilação a laser

A indicação para depilação a laser, de uma forma geral, é feita a partir da puberdade. No entanto, em situações em que o fator emocional seja beneficiado, não há porque adiar. Nas entrevistas para a matéria foram citados alguns casos de indicação até em crianças, que sofriam bulling na escola por terem mais pelos, ou pelos mais escuros. Nestes casos, a indicação é um apoio à saúde mental. Os pais devem estar cientes que eles irão crescer novamente e haverá necessidade de novas sessões. Exemplos de pelos que nascem após a puberdade são a barba dos meninos, os pelos das axilas ou da região pubiana.

Sobre a escolha do local para realização do procedimento, os médicos consultados lembram que o cuidado é como de outros procedimentos estéticos. O Dr. Fraga, que pertence à Sociedade Brasileira de Dermatologia, diz que a lei permite que não medicos apliquem o laser. É preciso existir, porém, um médico responsável, caso haja alguma queimadura, por exemplo. A SBD não tem papel de fiscalização, mas orienta as clínicas. Se houver caso de ação mais direta é preciso realizar uma denuncia à vigilancia sanitária, explica o Dr Enio.

Médicos entrevistados

Dr Enio Zyman, médico dermatologista e alergista. Clínica DermatoAlergo
Dr José Roberto Fraga Filho, médico dermatologista. Membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia - Dermagynus.
Dr Cláudio Roncatti é cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e atual perito do INSS.  Clínica Lucano

Em 2021, uma clínica de depilação a laser promoveu uma campanha de doação para ONG que trabalha com mulheres em situação de vulnerabilidade social, na prevenção ao câncer de mama (leia aqui).

Classificação dos fototipos de pele pela Sociedade Brasileira de Dermatologia classificacao-dos-fototipos-de-pele/