Uma das grandes demandas da sociedade, o levantamento real das comunidades quilombolas e os dados desta parcela da população, será atendida no recenseamento deste ano
Será a primeira vez que povos e comunidades quilombolas serão identificados desta forma pelo Censo Demográfico no Brasil. A metodologia que será utilizada foi negociada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), e também com lideranças quilombolas. Todos os recenseadores que irão atuar nas áreas de quilombo tiveram um dia adicional de treinamento específico, visando uma abordagem especial que deixe os entrevistados à vontade.
“Este será o primeiro [Censo Quilombola] em que o IBGE vai poder oferecer para a sociedade como um todo estatísticas oficiais sobre quantos são, onde vivem e como vivem. É importante que essa população esteja preparada e sabendo que o IBGE está trazendo essa possibilidade de retratar sua realidade pela primeira vez“, destaca Marta Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE.
Para determinar as áreas em que esta equipe irá atuar, foi feito um mapeamento prévio, que identificou 5.972 localidades quilombolas e 2.308 agrupamentos quilombolas. Os agrupamentos são casas ou conjunto de casas em que haja 15 ou mais pessoas residindo. Todos estes locais serão visitados para o Censo até novembro deste ano. As comunidades, domicílios ou localidades que eventualmente não tenham sido identificadas durante o mapeamento, serão incluídas nas bases de dados pelos recenseadores para estimativas de subnotificação.
“O grande desafio de mapear a população quilombola em áreas pré-definidas foi da cartografia censitária. Além dos territórios quilombolas oficialmente delimitados – informação que recebemos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e dos institutos estaduais de terra –, procuramos retratar também todas as comunidades quilombolas fora desses territórios e todas as localidades onde pode haver população quilombola residindo”, diz Marta.
Em respeito à Convenção 169 e, de forma coerente às boas práticas de produção estatística, o IBGE considera quilombola toda pessoa que se autoidentifica como quilombola assim como sobre as pessoas ausentes no domicílio no momento do recenseamento. O recenseador perguntará “Você se considera quilombola?”. Em caso afirmativo é feita uma segunda pergunta: “Qual o nome da sua comunidade?”. Por comunidade quilombola, o IBGE considera o que está definido no Decreto 4887 de 2003, que define que comunidade quilombola são grupos étnico-raciais de autoatribuição com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.
extraído de matéria de Carmen Nery, no site do IBGE
Os questionários que serão aplicados em territórios identificados previamente serão em sua maioria os de amostra com questões de registro civil, arranjo familiar, deficiência, educação, trabalho, situação do domicílio, saneamento, lixo e acesso à internet. Ao chegar em cada local, o recenseador deve se dirigir à lideraça daquele grupo e caso seja orientado, poderá ser acompanhado em suas visitas por guias comunitários, que irão auxiliar na coleta.
Fonte: agência de notícias do IBGE (saiba mais neste link)