Além de Moema: Botannica Tirannica, a metamorfose das plantas

imagens de flores da exposição Botannica Tirannica
Obras da série Flora mutandis criadas por Giselle Beiguelman

Ciclo de conversas, evento paralelo à mostra Botannica Tirannica, no Museu Judaico de São Paulo, terá nesta sexta mesa com Emanuele Coccia e Anderson Santos

A exposição Botannica Tirannica fica aberta a visitação até dia 18 de setembro no Museu Judaico de São Paulo. A mostra foi concebida especialmente para o Museu pela pesquisadora Giselle Beiguelman e mostra um lado peculiar das plantas. A artista identifica espécies com nomes que contém uma dose de preconceito ou ofensa, para o qual poucos de nós nos atentamos. Em sua pesquisa, ela distribuiu essas espécies em grandes grupos que apresenta como antissemitas, machistas, racistas, e discriminatórios com relação a indígenas e ciganos. Alguns exemplos destas denominações são Judeu errante, Maria-sem-vergonha ou erva daninha.

 Um dos ícones da exposição é a a planta popular Judeu errante (Tradescantia zebrina), título de uma narrativa medieval que foi um dos baluartes da propaganda nazista e que tem o mesmo nome em várias línguas, como alemão, francês e inglês, sendo uma das muitas expressões depreciativas usadas contra os judeus.

Na reta final da mostra, acontece também o último encontro de um Ciclo de Conversas com debates diretamente relacionados com o tema. O convidado principal deste bate-papo é o filósofo italiano e professor Emanuele Coccia, autor do ensaio A vida das plantas – uma metafísica da mistura. Foi inspirada por esse livro da filosofia contemporânea, que a artista Giselle Beiguelman criou para a exposição Botannica Tirannica novas plantas, em uma espécie de jardim decolonial e pós-natural. Elas se somam às reais cuja dimensão colonial e preconceituosa das nomenclaturas científicas e populares são reveladas.

O bate-papo “A metamorfose das plantas” é aberto ao público e acontece nesta sexta, dia 2 de setembro, às 11h. O ponto de partida deve ser a provocação de Coccia em seu ensaio: “Pouco falamos delas e mal sabemos seus nomes”. Giselle Beiguelman compartilha a mediação da conversa com a curadora e pesquisadora Ilana Feldman. Ao lado do filósofo Emanuele Coccia, estará o biólogo brasileiro e botânico Anderson Santos, mestre em biodiversidade vegetal e meio ambiente. Juntos, irão pensar o mundo vegetal como espaço de criação, vida e metamorfose. O encontro irá fluir ainda por assuntos como botânica, jardins, colonialismo, nomes e vida.

O estilista mineiro Ronaldo Fraga criou dois lenços exclusivos inspirados na mostra Botannica Tirannica. Os itens foram criados em uma parceria do estilista com o MUJ, em edição limitada. Estão à venda na loja do Museu, ou no Grande Hotel Ronaldo Fraga (loja do estilista). @grandehotelronaldofraga

Será lançado também na sexta (02) o catálogo da exposição, que apresenta as obras e vistas da mostra, textos da curadora Ilana Feldman e da artista Giselle Beiguelman, além de uma compilação das plantas pesquisadas e referências. Com design gráfico de Maria Cau Levy, o catálogo documenta e expande a experiência de Botannica Tirannica.

Ciclo de conversas
Botannica Tirannica, de Giselle Beiguelman
“A metamorfose das plantas”
Museu Judaico de São Paulo (MUJ)
Sexta, 2 de setembro, às 11h,
Rua Martinho Prado, 128 - Bela Vista
Acesso para pessoas com mobilidade reduzida