Celebrada no terceiro sábado do mês de setembro em todo mundo, a data é importante para chamar a atenção sobre o que é a doação de medula e porque todos deveriam ser doadores
O Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, celebrado neste 17 de setembro, foi criado pela Associação Mundial de Doadores de Medula (World Marrow Donor Association – WMDA). Trata-se de uma organização global de registros de células-tronco do sangue, medula e sangue do cordão umbilical. Encontrar voluntários compatíveis é tão difícil, que os bancos de dados com as especificações de cada um são consolidados para permitir doações internacionais.
A WMDA reúne cerca de 55 países, mais de 39 milhões de doadores de medula. O Brasil participa por meio do REDOME (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea). Para se ter uma ideia a importância desta rede internacional, basta falar que os dados do nosso país indicam mais de 5,5 milhões de pessoas cadastradas, porém, existe uma média ‘usual’ de 650 pacientes esperando por um doador. Ampliar a rede de voluntários é fundamental e para isso, conhecer o procedimento pode eliminar diversas crenças erradas.
A doação de medula é bastante tranquila. Apesar do nome transplante assustar, no procedimento é feita apenas uma punção em que se retira um pouco da medula saudável, que será reconstituída naturalmente. O material transplantado para o receptor compatível vai “substituir” a medula óssea doente e retomar a produção das células sanguíneas. Algumas doenças graves tem esse tratamento indicado, como a leucemia e os linfomas, entre outros.
A compatibilidade para o transplante é genética, mas a parentalidade não é suficiente para se encontrar o doador ideal no núcleo familiar. Dados científicos indicam que mesmo entre irmãos com mesmo pai e mesma mãe, este índice é de apenas 25%. Mesmo com o número de voluntários que temos cadastrado no país, as chances de encontrar um doador compatível fora da família despencam para 1 em 100 mil, segundo o Ministério da Saúde.
“Para que o transplante seja bem-sucedido, é necessário encontrar um doador com a mesma compatibilidade, que é avaliada por um teste que precisa ser detalhado e preciso. Por isso, quanto mais voluntários cadastrados, maior a chance de encontrar um doador que seja compatível para realizar o transplante de medula óssea de forma efetiva e segura.”, esclarece Dra. Carmen Vergueiro, hematologista e coordenadora da Associação da Medula Óssea do Estado de São Paulo (AMEO).
Características do DNA que reduzem as chances de rejeição da medula doada pelo receptor vão bastante além do tipo sanguíneo. Levantamento feito por pesquisadores da USP e do Instituto Nacional do Câncer (INCA) mostra que existe uma grande variabilidade genética de indivíduos afrodescendentes. As chances desta população encontrar uma pessoa branca como doador compatível são muito pequenas. Atualmente os voluntários autodeclarados pretos cadastrados no REDOME são cerca de 10% do total e não chega a 40% o número de pessoas autodeclaradas pardas.
“Esses dados exemplificam a importância de aumentar a diversidade entre os doadores de medula. É extremamente necessário que tenhamos mais pessoas pretas como doadores voluntários para que haja uma maior representação de nossa diversidade genética no registro. Doar medula óssea é um ato que pode e deve fazer parte da cultura dos brasileiros, para que mais pessoas tenham acesso a esta etapa importante do tratamento”, reforça a Dra. Carmen Vergueiro.
A Associação de Medula Óssea do Estado de São Paulo(AMEO) disponibiliza em seu site um mapa do transplante, um banco de dados sobre procedimentos realizados no Brasil. Há uma página fechada, para hospitais acessarem seus próprios dados e um portal público, em que as informações consolidadas estão abertas. Todas estes dados aparecem de forma anônima, seguindo a lei geral de proteção de dados. As consultas podem dar um panorama a familiares e pacientes sobre casos semelhantes ao seu, com a ressalva de que se trata de uma amostra e o médico assistente que deve conversar com propriedade sobre a particularidade de cada caso. Existem filtros para localização do doador, da unidade em que foi feiro o transplante, se é SUS ou particular, idade do paciente, entre outros. Acesse em ameo/mapa do transplante
Fontes: Assessoria de Imprensa da Astellas Farma Brasil; INCA; Associação da Medula Óssea do Estado de São Paulo (AMEO)