A peça que ganhou força na pandemia com apresentações online está de volta ao presencial, no Teatro B32 para uma curta temporada paulistana
Foram três temporadas online, para um público total de mais de 18 mil pessoas de todos os cantos do mundo, mas a emoção da volta ao palco foi incontestável. O teatro B32, no Itaim Bibi, recebeu na noite de sexta (13) um público empolgado, convidados especiais e a autora do monólogo, a filósofa Lucia Helena Galvão, para a estreia da temporada. A atriz Beth Zalcman que emociona como Helena Blavatsky agradeceu os aplausos falando da alegria de poder voltar ao presencial.
Helena Blavatsky, a voz do silêncio chegou a ser encenada, nesta volta ao presencial, no Festival Teatrim Reabrir para Resistir, em Lorena, no interior de São Paulo e também em duas sessões em Brasília. Agora em São Paulo é, de fato, a primeira temporada de retorno, e, não apenas a atriz e o diretor sentiam falta do público, como vice versa. A gestora do teatro, presente à estreia, comentou que a maior parte dos ingressos para todas as apresentações já está vendida.
Helena Petrovna Blavatsky foi uma figura notável nas últimas décadas do século 19, percorrendo diversos países, mostrando suas habilidades e pensamentos. A vida e obra da pensadora russa inspirou o monólogo “Helena Blavatsky, a voz do silêncio”, o primeiro texto teatral da filósofa e poetisa Lucia Helena Galvão. A estudiosa da obra da russa optou por apresentá-la sob uma ótica que foge de estereótipos e a apresenta pelo aspecto de sua força e determinação.
O monólogo de cerca de uma hora tem um dinamismo e uma presença de cena notáveis. O texto e a interpretação ganham força com a direção de Luiz Antônio Rocha, aliadas a um projeto de luz digno de nota, assinado por Ricardo Fujii e a cenografia e figurino de Eduardo Albini. Da mesma forma que acontecia nas temporadas ‘virtuais’, após cada sessão, há um bate-papo com a equipe de criação, bastante descontraído e livre.
“Considerando que vivemos num período de caos mundial, no qual o fundamentalismo, as tecnologias e as crises políticas e climáticas do planeta invadem nossa dignidade com tanta violência, resgatar os pensamentos de Blavatsky é de extrema importância”, afirma Luiz Antônio Rocha. “Segundo Blavatsky, o universo é dirigido de dentro para fora, pois nenhum movimento ou mudança exterior do homem pode ter lugar no corpo externo se não for provocado por um impulso interno”, completa o diretor.
“Interpretar Helena Petrovna Blavatsky é mergulhar no improvável, no intangível. Nada mais desafiador para uma atriz que realizar um texto que demanda extrema sensibilidade, concentração e imaginação, e transporta a plateia para um universo de possibilidades”, define a atriz Beth Zalcman. “Esta peça é uma forma comovida e contundente para homenagear esta mulher tão especial”, conclui a autora Lucia Helena Galvão, professora voluntária de filosofia na organização Nova Acrópole do Brasil.
Helena Blavatsky foi, antes de tudo, uma incansável buscadora de sabedoria antiga e atemporal, revolucionando o pensamento humano. Em suas viagens, e através de sua obra literária, influenciou cientistas como Einstein e Thomas Edison, além de escritores como Fernando Pessoa, que inclusive foi tradutor seus livros para o português. A pensadora russa também deixou sua marca para artistas como Mondrian, Paul Klee e Gauguin, pensadores, como Alice Bailey, Rudolf Steiner e Gandhi, entre outros.
Sinopse – A luz da vela ilumina o cenário e revela um lugar simples no frio de Londres no final do séc. 19. É um recorte do quarto de Helena Blavatsky, que se encontra sozinha, no seu último dia de vida. Ela revisita suas memórias, seu vasto conhecimento adquirido pelos quatro cantos do mundo, se depara com a força do comprometimento com sua missão de vida e as consequências de suas escolhas. Relembra sua forte ligação com a Índia e seu encontro, em Londres, com Gandhi. “Helena Blavatsky, a voz do silêncio”, é um mergulho no universo que existe dentro de nós.
Sobre a montagem – A encenação propõe uma dramaturgia inspirada no conceito desenvolvido pelo artista Leonardo Da Vinci em suas obras, conhecido como “sfumato”. Da Vinci descreveu a técnica como: “sem linhas ou fronteiras, na forma de fumaça ou para além do plano de foco”. O ponto de partida para a direção de arte, cenário e figurinos foram baseados em algumas pinturas do artista impressionista Édouard Manet que traduz com beleza a solidão deste último instante de vida de Helena.
Helena Blavatsky, a voz do silêncio De 13 de janeiro a 5 de fevereiro de 2023 sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h Após cada sessão, haverá um bate-papo com a equipe de criação Classificação: 14 anos Duração: 60min Teatro B32 Av. Brigadeiro Faria Lima, 3.732 - Itaim Bibi Telefone: (11) 3058-9100 Ingressos a partir de R$ 40 (meia-entrada). Vendas online: teatrob32/helena-blavatsky-a-voz-do-silencio
Mais um pouco de bastidores e notícias em @helenablavatskyavozdosilencio e pelos perfis de Beth Zalcman (@bethzalcman), do diretor Luiz Antonio Rocha (@luiz.antonio.rocha), e da autora e filósofa Lucia Helena Galvão (@profluciahelenagalvao).