Exposição inédita da artista fluminense fica em cartaz até o dia 1º de outubro no MAC/USP com entrada gratuita
Esta é a terceira exposição individual que o MAC USP realiza da obra da artista Cybèle Varela (Petrópolis, 1943). Com curadoria de Ana Magalhães, especialista em arte do século XX e diretora do museu, e da historiadora da arte Ariane Varela Braga, a mostra está aberta até o dia 1º de outubro. Imaginários Pop reúne uma seleção das pinturas e objetos mais emblemáticos da artista brasileira do final dos anos 60, com olhar especial para o feminino e a situação das mulheres à época.
Além do feminino, uma das obras expostas é O Presente, que também ilustra essa matéria. A obra produzida originalmente em 1967 para a IX Bienal Internacional de São Paulo foi censurada pelo regime militar. A obra foi logo depois destruída, para evitar novos problemas e acabou sendo refeita 50 anos depois, em 2018. Há um depoimento da artista sobre o fato. No total são 11 obras, sendo 3 delas trípticos (um conjunto de três pinturas unidas por uma moldura tríplice).
Cybèle Varela, hoje com 80 anos, é a única mulher brasileira viva do movimento Figuração Narrativa. Sua carreira começou no Brasil nos anos 60 e segue em Paris nos anos 70. A artista participou de salões, exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior: França, Alemanha, Itália, Estados Unidos, Inglaterra, Suíça, Bélgica, Espanha e Japão. Recebeu também diversos prêmios, o primeiro deles ainda em 1961, pela Associação dos Artistas Brasileiros, no Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro.
Segundo as curadoras, o ano de 1967 foi um momento significativo para a artista, quando o MAC-USP lhe concedeu o importante prêmio da exposição “Jovem Arte Contemporânea”. Cybèle Varela. Imaginários Pop tem como ponto de partida os dois trípticos: De tudo que pode ser (1967) e Cenas de rua (1968). Sobre o primeiro, a artista explica: “Numa sequência quase cinematográfica, pintei uma moça atravessando a rua e cruzando com algumas freiras; e, no momento do cruzamento, elas trocam de roupa. A moça veste a saia longa do uniforme religioso e as freiras a minissaia, que estavam na moda no período”.
Segundo as curadoras, nestes trabalhos, e em seus outros objetos em forma de caixa, quebra-cabeças e pinturas em madeira, a artista explorou a representação do ambiente urbano, tingida de crítica social, questões de gênero e ironia. “As obras são frequentemente definidas por linhas geométricas – como travessias para pedestres ou luzes e sombras – que marcam e estruturam o espaço de forma enigmática”, ressalta a dupla.
MAC-USP Av. Pedro Álvares Cabral, 1301 (antigo prédio do Detran do Ibirapuera) Terça a domingo das 10 às 21 horas Entrada e estacionamento gratuitos.
Veja tambem! Dica para quem for visitar esta exposição é reservar um tempo para a mostra que acontece bem ao lado Solastalgia de Lucas Bambozzi, que tem uma mensagem sobre a questão na mineração no estado de Minas Gerais. Há dois áudios constantes: um de um documentário de 15 minutos que fica rodando em uma grande tela no fundo da sala, e outro extraído de uma placa de mica que roda e é tocada por uma agulha de vitrola.
Sobre a Mostra Imaginários Pop e a artista, leia mais em mac.usp.br/expos2023/cybelevarela
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