Por Ana Streit
BlackFriday: Um olhar psicológico sobre os desafios dos compradores compulsivos
A Black Friday, um dos eventos de compras mais aguardados do ano, pode ser uma verdadeira armadilha para pessoas que sofrem de oniomania, mais conhecida como transtorno do comprar compulsivo. Enquanto muitos consumidores aguardam ansiosamente pelas megapromoções, aqueles que enfrentam essa condição têm que lidar com o desafio de resistir ao impulso de gastar dinheiro em excesso, sem precisar, e às vezes até sem poder. A compulsão tem relação com o autoalívio, sentimento esse que tem um poder muito grande sobre o paciente.
O ato de comprar compulsivamente também funciona como válvula de escape para sentimentos e emoções. Esse comportamento vira doença quando se torna crônico e repetitivo e passa a causar algum dano a pessoa, seja social, financeiro ou emocional. A Black Friday favorece uma ilusão. Os descontos acabam tirando um pouco o peso da compra para as pessoas que sofrem com o padrão da compra compulsiva e servem como uma permissão para o ato. Mas, o comprar compulsivo é um problema maior que continua mesmo após esse período.
Há alguns sinais e sintomas que podem indicar quem desenvolveu a oniomania, por exemplo: quando o desejo de comprar é causado por solidão; as compras, muitas vezes, são realizadas sem os familiares saberem; quando há descontrole financeiro e a pessoa adquire produtos que não precisa, entre outros sinais. Todos nós gostamos de comprar algo que nos dê prazer, mas para os que sofrem de oniomania, a aquisição de novos produtos traz um alívio intenso. Só que o prazer logo é substituído por um sentimento de culpa e angústia, principalmente quando a pessoa se dá conta de que não consegue pagar o que comprou.
O tratamento alia psicologia e psiquiatria, uma vez que as compulsões geralmente estão ligadas a outros transtornos mentais como ansiedade ou depressão e mesmo transtornos de personalidade. Em alguns casos é necessário o uso de medicação. O primeiro passo para lidar com o comprar compulsivo é reconhecer que há um problema e a partir daí procurar ajuda profissional. De qualquer forma, se você é uma pessoa que não tem compulsão, mas que gostaria de estratégias para lidar com a pressão que vem com a Black Friday, aí vai algumas dicas: fazer uma lista de quais produtos você realmente precisa, definir um orçamento para gastar na Black Friday, estabelecer limites de gastos no total para o dia ou o mês. Com atenção redobrada e um plano sólido, é possível aproveitar as promoções sem ceder aos gatilhos que desencadeiam o impulso de compra.
Sobre a autora: Ana Streit é psicóloga clínica, Mestre em Psicologia e Saúde pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), e Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pela PUC-RS. Professora, supervisora e terapeuta do esquema, em processo de Certificação Internacional em Terapia do Esquema pela International Schema Therapy Society (ISST).
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