Documentário ‘Servidão’ entra em cartaz quinta, 25 de janeiro

imagem em preto e branco das mãos de um trabalhador, quase sem unhas, elas estão sendo mostradas junto ao rosto, do qual se vê do nariz para baixo, pele marcada, barba.
reprodução de imagem do documentário

Realidade do trabalho análogo à escravidão, que muitas vezes não chega ao conhecimento de todos, é mostrada em depoimentos e imagens fortes, além da análise histórica dos fatos

O documentário “Servidão“, de Renato Barbieri, diretor de “Pureza”, chega aos cinemas do Brasil nesta quinta, 25 de janeiro. Trata-se de um documento sobre o trabalho escravo, ou “análogo à escravidão” que existe ainda hoje no Brasil. Ele é recheado de informações históricas valiosas (como um gráfico que mostra a diáspora africana) e informações recentes e atuais sobre o tema. Há depoimentos fortes e sensíveis de quem sofreu a escravidão na região amazônica e de quem lutou e luta contra essa condição.

Ainda que Servidão não trate apenas de um caso, o documentário é todo costurado com imagens e relatos de Marinaldo Soares Santos, libertado três vezes do trabalho forçado em fazendas no Pará. Entre os depoimentos de quem esteve na frente do combate, há uma força feminina. O número de mulheres entrevistadas é bem menor que o de homens, mas surpreende positivamente esta presença, que também é marcada pela narração do filmes, na voz de Negra Li.

Em São Paulo, a estreia do filme no CineSESC, terá uma sessão gratuita, às 18h de quinta com debate na sequencia. Estarão presentes o diretor Renato Barbieri, o jornalista e cientista político Leonardo Sakamoto, que participa do documentário, e Marina Ferro, do InPacto, organização que atua no combate ao trabalho escravo. A mediação do debate será da roteirista e crítica de cinema Viviane Pistache.

Curtíssima temporada! Documentários não são costumeiramente ‘campeões de audiência’ e como as salas de cinema vivem de bilheteria, um filme que não lota as sessões costuma ficar poucas semanas em cartaz! Programe-se para assistir!
Servidão, em São Paulo, tem previsão inicial de exibição no CineSesc e no Espaço Itau Frei Caneca, entre 25 e 31 de janeiro.

Abolição já! A outra não valeu“, esta é a mensagem principal do documentário que, entre todos os ambientes em que se encontra o trabalho escravo contemporâneo, mostra com certa profundidade a realidade na Amazônia brasileira. O documento produzido por Renato Barbieri contempla os aspectos históricos e políticos, com as visões de historiadores e teóricos. É uma fonte importante de informação para todos, desde os mais jovens que precisam entender os rumos das relações humanas e trabalhistas no Brasil.

Além dos depoimentos que destacam fatos e datas passadas, suas consequencias e heranças, e os aspectos legais, existem fortes depoimentos de quem vive ou viveu de perto o problema. Há o testemunho de trabalhadores rurais escravizados em frentes de desmatamento no Norte do Brasil e de diversas pessoas que combateram e combatem o chamado ‘trabalho análogo à escravidão’. O documentário deixa claro que a Lei Áurea aboliu a escravidão clássica, mas não transformou as relações de trabalho e condições precárias como aquelas perduram até os dias de hoje.

“O filme nasce como uma peça de resistência no combate ao trabalho escravo, com conceitos relevantes de como se opera a mecânica escravagista contemporânea no Brasil e de como a resistência abolicionista vem se organizando e ganhando força ao longo das últimas décadas. Estou certo de que, passados 135 anos da Lei Áurea, caberá a nossa geração o combate e a erradicação do trabalho escravo contemporâneo. Somente com a sociedade como um todo tomando o projeto abolicionista para si, isso será possível um dia e fato é que não podemos mais adiar isso”, declara o diretor Renato Barbieri.

“Conforme fui conhecendo ‘em campo’ trabalhadores rurais que haviam sido escravizados, fiz uma seleção de personagens reais para o filme. O exemplo mais emblemático é o maranhense de Pindaré-Mirim, Marinaldo Soares Santos, que foi escravizado 13 vezes e liberto em três diferentes ocasiões pelo Grupo Móvel. Também conheci homens e mulheres engajadas na visão abolicionista, em diferentes áreas da fiscalização e do combate ao trabalho escravo. Todos foram inspirações para a realização de Servidão“, completa o diretor.

Sessão de estreia com debate em São Paulo
CineSesc
Quinta, 25 de janeiro, às 18h
Gratuito - retirada de ingressos uma hora antes da sessão
R. Augusta, 2075 - Cerqueira César
Exibição seguida de debate com Renato Barbieri, Leonardo Sakamoto e Marina Ferro, com mediação de Viviane Pistache.
Trailer Oficial do Documentário Servidão – nos cinemas em 25 de janeiro

Apoio: Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região – Espírito Santo (TRT17 – ES), Ministério Público do Trabalho (MPT), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (SINAIT), Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA), The Exodus Road, Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE)

Patrocínio: Banco Regional do Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), Agência Nacional do Cinema (ANCINE), Ministério da Cultura (MinC)

Produção: GAYA Filmes e distribuição: O2 Play

Servidão 
Direção, roteiro e produção de Renato Barbieri
Codireção e montagem de Neto Borges
Depoimentos de: 
Dodô Azevedo, jornalista e diretor de cinema;
Rafael Sanzio dos Anjos, primeiro Professor Titular Afrobrasileiro da Universidade de Brasília (UNB) e autor de estudos sobre as espacialidades das matrizes africanas;
Alberto da Costa e Silva, diplomata, historiador brasileiro e membro da Academia Brasileira de Letras;
Ana Maria Gonçalves, escritora;
Marcelo Gonçalves Campos, auditor fiscal do Trabalho e historiador;
Victor Leonardi, escritor, professor de História e pesquisador;
Leonardo Sakamoto, jornalista, escritor e cientista político;
Gladyson Pereira, professor mestre em História na Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL);
Luis Camargo de Melo, advogado e procurador-geral do Trabalho (MPT, 2011 - 2015);
Ricardo Rezende Figueira, padre, antropólogo, professor do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos Suely Souza de Almeida, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordena o Grupo de Pesquisa Trabalho Escravo Contemporâneo (GPTEC/UFRJ);
Ela Wiecko, jurista, vice-procuradora-geral da República (MPF 2013-2013) membro do Ministério Público Federal e professora da Universidade de Brasília (UNB);
João Roberto Ripper, fotógrafo documentarista e fotojornalista;
Fabrícia Carvalho, assistente social e professora;
Cláudio Secchin, auditor fiscal do Trabalho (AFT);
Binka Le Breton, escritora;
Gildásio Silva Meireles, trabalhador rural – liderança;
Sebastião Gonçalves, trabalhador rural;
Aldemir Pereira, trabalhador rural;
Xavier Plassat, frade dominicano (CPT);
Carlos Haddad, juiz Federal;
Lelio Bentes, presidente TST;
Antônio Carlos de Mello Rosa, diretor de Projetos no Brasil da Verité;
Valderez Monte, auditora fiscal do Trabalho (AFT);
Calisto Torres, auditor fiscal do Trabalho (AFT);
Rachel Cunha, auditora fiscal do Trabalho (AFT);
André Roston, auditor fiscal do Trabalho (AFT);
Bené Florindo, auditor fiscal do Trabalho (AFT);
Ruth Vilela, secretária de Inspeção do Trabalho (1993 -1998 e 2003 - 2011);
Jônatas Andrade, juiz do Trabalho;
José Marcelino, coordenador grupo móvel (AFT);
Caio Magri, Instituto Ethos;
Kailash Satyarthi, Prêmio Nobel da Paz (2014);
Paulo Paim, senador.