Aumenta que é Rock’n Roll transporta espectador aos anos 80

elenco do filme, posando à noite em uma das locações (laje descoberta do prédio)
(divulgação/ Mariana Vianna)

Baseado na real história da rádio Fluminense FM, o longa traz um saudosismo saudável, com muitas referências visuais, um pouco de drama, de romance e uma boa mensagem

Um dos filme nacionais que entraram em cartaz esta semana nos cinemas, Aumenta que é Rock’n Roll faz uma ponte direta, para quem tem seus 50 e poucos anos ou mais, de volta aos anos 80. É inevitável que a memória afetiva de quem viveu o período do surgimento de diversas bandas no Brasil e da grande campanha pelas Diretas, não seja tocada. Os mais novos – e entre eles o elenco todo do filme – também se contagiam e se emocionam com a história que rememora o sonho de realização do protagonista, em estruturar a primeira rádio rock do país e a atmosfera de sonho de milhões de brasileiros no início da redemocratização do pais.

A produtora Renata Almeida Magalhães conta que a história parte do livro autobiográfico “A Onda Maldita”, de Luiz Antonio Mello, que conta a história da criação da rádio Fluminense FM, mas que não poderia se restringir a essa história. “Eu queria fazer um filme sobre a minha geração, porque esse começo dos anos 80, foi um período especial no Brasil, com declínio da ditadura, era um momento muito colorido e tinha uma esperança muito grande“. O filme é todo conduzido, mesmo com os momentos de crise e tensão, pela importância de se acreditar no sonho.

Aumenta que é Rock’n Roll é aberto com uma cena no início dos anos 70, que pontua a amizade de Luiz Antonio (Johnny Massaro) e Samuca Weiner (George Sauma), seu gosto pela tecnologia e pelo rock. E faz um salto para 1982, já com os protagonistas adultos, trabalhando como jornalistas, mas ainda inquietos como quando crianças. Com um incentivando o outro, a dupla percebe uma oportunidade de criar um programa próprio de rádio e, por uma série de acontecimentos em sequencia, se vê diante do desafio de chefiar uma nova rádio, a Fluminense FM.

Chama a atenção neste longa, o cuidado com a cenografia. Móveis e objetos ‘de época’ são usados de forma natural, sem necessidade de explicação, mas estão alí. Uma fita K7 sendo ‘enrolada’ com uma caneta ‘bic’, a secretária eletrônica, os telefones de disco, os orelhões de ficha e todos os móveis. Algumas das cenas até parecem ter sido escritas para que elementos de cena fossem usados, com um retroprojetor, usado para exibir uma transparência (para os mais novos, podemos simplificar como a avó do ppt), com dados de audiência.

É muito divertida a sequencia de cenas em que Luiz Antônio, contratado para ser o diretor da nova rádio, e Samuca estruturam a nova rádio a passam a procurar talentos para trabalhar nela. Entre as exigências da dupla, estava não apenas ser uma voz feminina, mas que as candidatas conhecessem o rock e falassem inglês. A “Maldita” foi a primeira estação com locução exclusivamente feminina, com programação que incluia sucessos internacionais e novos grupos do rock nacional, como Blitz, Paralamas do Sucesso, Titãs, Legião Urbana, Barão Vermelho, entre outros.

imagem dos dois personagens mostrando a capa do LP Let it Be, dos Beatles, com a foto de Lennon coberta por um papel e um ponto de interrogação dele.
Luiz Antônio (Johnny Massaro) e Samuca (George Sauma) aplicando teste de conhecimento para candidatas à locutora da nova rádio (foto Mariana Vianna)

Renata Almeida Magalhães comenta que apesar da dificuldade de escolher entre tantas histórias contidas no livro, quais iria apresentar, a escolha sobre como terminar o filme já não foi tão complexa. “A minha decisão de acabar no primeiro Rock’nRio e no dia da eleiçao do Tandredo Neves, foi política, mesmo. Tem que acabar pra cima, porque a gente tinha essa ambição mesmo, de falar de esperança que o mundo pode dar certo”.

Elenco
Johnny Massaro - Luiz Antônio
Marina Provenzzano - Alice
George Sauma - Samuca
Orã Figueiredo - Superintendente
Silvio Guindane - Herval
Flora Diegues - Jaque
Joana Castro - Fabi
Clarice Sauma - Lucia
Luana Valentim - Natalia
Mag Pastori - Malu
Bella Camero - Lilica
André Dale - Beto
Felipe Haiut - Saulo
Saulo Arcoverde - Jonas
João Vitor Silva - Fabio
Cadu Favero - Diretor Interino
Charles Fricks - Roberto Medina
Participações Especiais
Hamilton Vaz Pereira - Dr. Medeiros
Gillray Coutinho - Agente do Dentel
Adriano Garib - Chefe Jornal
Ficha Técnica
Produzido por Renata Almeida Magalhães
Coproduzido por Cacá Diegues e Diogo Dahl
Diretor - Tomás Portella
Roteiro - L.G. Bayão
Produtora - Luz Mágica
Coprodutora - Globo Filmes e Mistika
Distribuidora - H2O Films
Direção de Fotografia - André Madugno
Direção de Arte - Cláudio Amaral Peixoto
Figurino - Ana Avelar
Som Direto - Valéria Ferro e Renato Calaça
Montagem - Marcelo Moraes
Edição de Som - Simone Petrillo
Trilha Original - Dado Vila Lobos
Mixagem - Paulo Gama
Efeitos Visuais - Marcelo Siqueira