Associação Paulista de Medicina homenageia profissionais da saúde que participaram do movimento constitucionalista contra o governo Vargas em exposição gratuita
A Revolução Constitucionalista de 1932 lembrada até hoje pelos paulistas como um dos movimentos mais importantes do Estado de São Paulo pela democracia, teve participação direta de diversos setores da sociedade, incluindo os médicos. O objetivo da revolta, iniciada oficialmente em 9 de julho de 32, era derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas e convocar uma Assembleia Nacional Constituinte. Apesar da derrota no campo de batalha, depois de quase três meses, o movimento atingiu parte de seus objetivos políticos.
Algumas das principais reivindicações do movimento constitucionalista no último grande conflito armado ocorrido no Brasil foram atendidas por Vargas. Foram convocadas eleições para a composição da Assembleia Constituinte e um novo interventor, Armando Sales de Oliveira, foi nomeado por Vargas para governar São Paulo. A nova Constituição promulgada em 1934 vigorou apenas até 37, quando um golpe estabeleceu o Estado Novo. Já o legado do interventor paulista dura até hoje e é motivo de orgulho: a criação da USP.
Os Médicos na Revolução Constitucionalista de 1932
As operações militares em São Paulo incluíram diversas frentes de batalha nos limites do estado com o Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, além de postos no Litoral. Sendo realmente uma batalha armada, a presença de médicos no front e nas retaguardas era fundamental. A Associação Paulista de Medicina (APM) celebra os 92 anos desse fato histórico e enfatiza a participação de profissionais da Saúde no movimento.
“A Revolução de 32 teve forte apoio e engajamento da população e médicos clínicos, cirurgiões, estudantes e professores de medicina, que se deslocaram para as frentes de batalha e para os hospitais de campanha voluntariamente, movidos pelo sentimento do dever cívico e pelo amor ao Estado de São Paulo. Essa história merece ser contada”, aponta Cleusa Cascaes Dias, diretora Cultural da Associação Paulista de Medicina e curadora da exposição.
A mostra aberta nesta segunda, dia 22, ficará disponível para visitação gratuita até 20 de setembro de 2024, das 9h às 18h, no Museu de História da Medicina da APM. O publico poderá conhecer um pouco mais da história dos profissionais de saúde na Revolta Paulista e ver itens originais da época, incluindo fotos, equipamentos e utensílios. “A ideia é destacar alguns médicos pensando na contribuição que fizeram à medicina, ao ensino, à emancipação feminina e ao crescimento do Brasil”, explica Cleusa.
Entre as histórias reveladas na exposição, destaca-se a participação de um dos fundadores e ex-presidentes da APM, Jairo Ramos, médico combatente no movimento. Outro nome é o de Jorge Michalany, fundador do Museu de História da Medicina da APM, que participou da revolução como cabo-enfermeiro, aos 15 anos de idade. Ele foi responsável pela doação da maior parte da memorabilia da Revolução, exposta no Museu da APM.
A exposição ainda contará com dois painéis organizados pelo diretor Cultural adjunto da APM e psiquiatra forense, Guido Arturo Palomba, que analisam o assassinato de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, mártires do Movimento Constitucionalista de 1932, conhecidos como MMDC (acrônimo composto pelas letras iniciais de seus nomes). O material original exposto na mostra apresenta os detalhes de como o assassinato aconteceu.
Os Médicos e a Revolução Constitucionalista de 1932
De 22 de julho a 20 de setembro de 2024
Museu de História da Medicina da APM – Sala Jorge Michalany
Av. Brigadeiro Luís Antônio, 278 – 5º andar – Bela Vista
Entrada gratuita, das 9h às 18h
Informações para Grupos: (11) 3188.4241
Saiba mais no site: www.apm.org.br