Mostra de Cinema de realização indígena no CCBB

em um rio, uma indígena com uma câmera, abaixada na água, filma uma criança.
Cineasta Kayapó, Coletivo Beture (divulgação)

“Cosmologias da Imagem: cinemas de realização indígena”, estreia neste domingo, 26 de abril, com 33 filmes, debates e sessão comentada, tudo com entrada gratuita

A mostra inédita “Cosmologias da Imagem: cinemas de realização indígena”, acontece no CCBB SP, de 26 de abril a 25 de maio, com exibição de filmes e documentários, debates e uma sessão comentada. O CCBB fica no centro histórico de São Paulo e oferece opções de transporte a partir de alguns pontos da cidade (veja abaixo). Toda a programação da mostra, que tem curadoria de Olinda Tupinambá e Júnia Torres, é gratuita. São 33 filmes no total, entre longas, curtas e médias-metragens.

São cinco eixos temáticos na mostra: Terra e Território: Brasil é Terra Indígena, que explora a conexão dos povos com suas terras; Direito à Diferença: Nosso Modo de Vida, Nossas Festas, Nossos Rituais, celebrando as tradições e rituais indígenas; Fluidez da Forma: Encenações e Performance nos Cinemas Indígenas, que destaca as manifestações artísticas nas produções cinematográficas; Cinemas da Floresta, do Sonho e da Luta, que aborda as narrativas de resistência e desafios dos povos indígenas; e Para Adiar o Fim do Mundo, que propõe uma reflexão sobre o futuro e o protagonismo indígena.

O evento reúne cineastas de diversos povos e regiões como Maxakali/Tikmũ’ũn, Kuikuro, Yanomami, Mbya-Guarani, Guarani Nhandeva, Tupinambá, Karapotó, Awa Guajá/Tentehara/Guajajara, Huni Kuin, Xakriabá, Mebêngôkre-Kayapó, Baniwa, Krahô, Xavante, Tupi, Fulni-ô e Kaiabi. A seleção cinematográfica apresenta uma linguagem inovadora que transforma a narrativa audiovisual, dando visibilidade à multiplicidade de formas de expressão e resistência cultural dos povos oroginários.

A curadoria propõe uma reflexão profunda sobre a pluralidade das culturas indígenas. Os filmes selecionados abordam temas como terra, território, rituais e a relação dos povos com a natureza, a partir de uma perspectiva interna, de auto-representação. “Ao partilhar este conjunto de filmes procuramos contribuir para tornar mais visível o atual e importante movimento de ‘demarcação das telas por um novíssimo cinema brasileiro’ – como o definiu Ailton Krenak”, observa Júnia Torres.

“O cinema indígena apresenta um olhar de descolonização à imagem dos indígenas. “É extremamente importante que os povos possam fazer seus próprios filmes, é importante pensar em distribuir essas produções, pois só assim teremos a possibilidade de fortalecer o cinema nacional feito pelos povos indígenas”, completa Olinda Tupinambá.

Entre os destaques da mostra estão dois curtas de mulheres Yanomami de Roraima: Yuri uxëatima thë – A Pesca com TimbóThuë pihi kuuwi – Uma Mulher Pensando”, ambos de Aida Harika, Roseane Yariana e Edmar Tokorino Yanomami. São os primeiros filmes dirigidos e filmados por mulheres Yanomami. Também entre os filmes com assinatura feminina está Ibirapema, de Olinda Tupinambá (Bahia).

As curadoras destacam, ainda, os longas A Transformação de Canuto”, de Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho (RS), que se passa em uma comunidade Mbyá-Guarani na fronteira entre Brasil e Argentina, e narra a história de Canuto, um homem transformado em onça e morto tragicamente, e Yvy Pyte – Coração da Terra, de Alberto Alvares e Guilherme Cury, que percorre as terras Guarani, rompendo fronteiras físicas e simbólicas.

A sessão de abertura acontece no dia 26 de abril, às 18h, com as exibições de “Drill de Kaysara, o Filme” e “Tupinambá na Baixada Santista”, mini-documentários musicais, em formato de clipe de rap, realizados pelo grupo Wescritor, artistas tupinambá da Baixada Santista; “Aguyjevete Avaxi’i”, de Kerexu Martin, uma celebração da retomada do plantio das variedades do milho tradicional do povo Guarani M’Bya na aldeia Kalipety; e “Kaapora, o Chamado das Matas”, de Olinda Tupinambá, sobre a ligação dos povos indígenas com a terra e sua espiritualidade. A sessão será comentada pelas diretoras e diretores.

Na quarta, dia 30, será realizada às 18h uma mesa, com o tema da mostra: ‘Cosmologias nas imagens, política das imagens, lutas e conquistas indígenas‘. Participam do debate as curadoras do evento, Júnia Torres, na mediação e Olinda Tupinambá, cineasta indígena, e os convidados Sérgio Yanomami, cineasta indígena e Vincent Carelli, indigenista e documentarista. Haverá ainda duas sessões comentadas. Domingo, dia 27 de abril, após a exibição dos filmes das 16h, “O Verbo se Fez Carne”, “Kaapora, o Chamado das Matas” e “Ibirapema”, com a diretora Olinda Tupinambá, e na quinta, 1º de maio, após a exibição dos filmes das 18h, “Os Sonhos Guiam”, “Aguyjevete, Avaxi’i” e “Bakish Rao: Plantas en Lucha”, com a diretora Natália Tupi.

Mostra “Cosmologias da Imagem: cinemas de realização indígena”
De 26 de abril a 25 de maio
Programação e ingressos em ccbb.com.br/cosmologias-de-imagem
Entrada Gratuita
Classificação indicativa: Todos os filmes são Livres, exceto “A Transformação de Canuto” e “Ibirapema” (14 anos)
Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico
Entrada acessível: Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e outras pessoas que necessitem da rampa de acesso podem utilizar a porta lateral localizada à esquerda da entrada principal.

Como chegar lá!
De carro: O CCBB possui estacionamento conveniado na Rua da Consolação, 228 (R$ 14 pelo período de 6 horas – necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB). O traslado é gratuito para o trajeto de ida e volta ao estacionamento e funciona das 12h às 21h.
Van para todos: Ida e volta gratuita, saindo do estacionamento (Consolação, 228). No trajeto de volta, há também uma parada no metrô República. Das 12h às 21h.
De metrô:  O CCBB fica a 5 minutos da estação São Bento do Metrô.
De ônibus: Pesquise linhas com embarque e desembarque nas Ruas Líbero Badaró e Boa Vista. 
De Táxi ou Aplicativo: Desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da Quitanda até o CCBB (200 m).

Programação completa
26 de abril, sábado
18h Drill de Kaysara, o Filme / Tupinambá na Baixada Santista / Aguyjevete, Avaxi’i / Kaapora, o chamado das matas Sessão comentada por diretoras e diretores

27 de abril, domingo
14h Yuri uxëatima thë – A Pesca com Timbó / Thuë pihi kuuwi – Uma Mulher Pensando / Mãri hi – A árvore dos sonhos / Karemona / Hekura
16h O verbo se fez carne / Kaapora, o chamado das matas / Ibirapema .Classificação indicativa: 14 anos.

28 de abril, segunda
18h ATL – Acampamento Terra Livre / ZAWXIPERKWER KA’A – Guardiões da Floresta

30 de abril, quarta
16h Tava, A Casa de Pedra
18h Mesa Redonda: Cosmologias em imagens, políticas das imagens, lutas e conquistas indígenas. Com: Olinda Tupinambá, Sérgio Yanomami, Vincent Carelli. Mediação: Júnia Torres. Tradução em Libras

01 de maio, quinta
16h Nūhū Yãg Mū Yõg Hãm: Essa terra é nossa!
18h Os Sonhos Guiam / Aguyjevete, Avaxi’i / Bakish Rao: plantas en lucha

02 de maio, sexta
16h As Hiper Mulheres
18h Yãmiyhex, as mulheres espírito

03 de maio, sábado
15h Rami Rami Kirani / Sigyjat – A Pesca de Timbó
17h Tuíre Kayapó – O gesto do facão / Mebêngôkre pyka mã ruwyk â ujarej – A Chegada dos Mêbengôkre na Terra / Menire djapej – o trabalho das mulheres / Menire djê / Ngoko’ohn

04 de maio, domingo
14h Ava Yvy Pyte Ygua – Povo do Coração da Terra / Ava Yvy Vera – Terra do Povo do Raio
16h Yvy Pyte – Coração da Terra

05 de maio, segunda
18h Wadja / Abdzé Wede’õ – O Vírus Tem Cura?

07 de maio, quarta
18h ketwajê

08 de maio, quinta
16h As Hiper Mulheres
18h Yvy Pyte Ygua – Povo do Coração da Terra / Ava Yvy Vera – Terra do Povo do Raio

09 de maio, sexta
16h Bicicletas de Nhanderu
17h30 A Transformação de Canuto. Classificação indicativa: 14 anos.

10 de maio, sábado
15h O verbo se fez carne / Kaapora, o chamado das matas / Ibirapema. Classificação indicativa: 14 anos.
17h Nūhū Yãg Mū Yõg Hãm: Essa terra é nossa!

11 de maio, domingo
14h ATL – Acampamento Terra Livre / ZAWXIPERKWER KA’A – Guardiões da Floresta
16h Tava, A Casa de Pedra

12 de maio, segunda
18h Rami Rami Kirani / Sigyjat – A Pesca de Timbó

14 de maio, quarta
18h Tuíre Kayapó – O gesto do facão / Mebêngôkre pyka mã ruwyk â ujarej – A Chegada dos Mêbengôkre na Terra / Menire djapej – o trabalho das mulheres / Menire djê / Ngoko’ohn

15 de maio, quinta
16h Yãmiyhex, as mulheres espírito
18h Ava Yvy Pyte Ygua – Povo do Coração da Terra / Ava Yvy Vera – Terra do Povo do Raio

16 de maio, sexta
18h Nūhū Yãg Mū Yõg Hãm: Essa terra é nossa!

17 de maio, sábado
17h Yuri uxëatima thë – A Pesca com Timbó / Thuë pihi kuuwi – Uma Mulher Pensando / Mãri hi – A árvore dos sonhos / Karemona / Hekura

18 de maio, domingo
14h Wadja / Abdzé Wede’õ – O Vírus Tem Cura?
16h Rami Rami Kirani / Sigyjat – A Pesca de Timbó

19 de maio, segunda
18h ketwajê

21 de maio, quarta
18h Drill de Kaysara, o Filme/ Tupinambá da Baixada Santista/ Os Sonhos Guiam / Aguyjevete, Avaxi’i / Bakish Rao: plantas en lucha

22 de maio, quinta
16h Tuíre Kayapó – O gesto do facão / Mebêngôkre pyka mã ruwyk â ujarej – A Chegada dos Mêbengôkre na Terra / Menire djapej – o trabalho das mulheres / Menire djê / Ngoko’ohn
18h Nūhū Yãg Mū Yõg Hãm: Essa terra é nossa!

23 de maio, sexta
16h Ava Yvy Pyte Ygua – Povo do Coração da Terra / Ava Yvy Vera – Terra do Povo do Raio
18h Yvy Pyte – Coração da Terra

24 de maio, sábado
15h Bicicletas de Nhanderu
16h30 A Transformação de Canuto – Sessão Acessível: legenda descritiva . Classificação indicativa: 14 anos.

25 de maio, domingo
15h As Hiper Mulheres

ATIVIDADES PARALELAS

Mesa-redonda no dia 30/04, quarta-feira, às 18h, com o tema 'Cosmologias nas imagens, política das imagens, lutas e conquistas indígenas', com as participações de Olinda Tupinambá, cineasta indígena e curadora da mostra, Sérgio Yanomami, cineasta indígena, Vincent Carelli, indigenista e documentarista, e mediação da curadora Júnia Torres.

Sessões comentadas:
Dia 27/04, domingo, às 16h, com os filmes “O Verbo se Fez Carne”, “Kaapora, o Chamado das Matas” e “Ibirapema”, comentada pela diretora Olinda Tupinambá,

Dia 01/05, quinta (feriado), às 18h, com a diretora Natália Tupi, após a exibição dos filmes “Os Sonhos Guiam”, “Aguyjevete, Avaxi’i” e “Bakish Rao: Plantas en Lucha”. Por fim, haverá uma sessão com medidas de acessibilidade, com legendagem descritiva.
"TERRA E TERRITÓRIO: BRASIL É TERRA INDÍGENA"

Tava, A Casa de Pedra
Rio Grande do Sul, 78', 2012
Direção: Vincent Carelli, Patricia Ferreira (Yxapy), Ariel Duarte Ortega, Ernesto Ignacio de Carvalho.
Memória, mito e história Mbya-Guarani sobre as reduções jesuíticas e a guerra guaranítica do século XVII no Brasil, Paraguai e Argentina.

Ava Yvy Vera – Terra do Povo do Raio
Mato Grosso do Sul, 52', 2016
Direção: Genito Gomes, Valmir Gonçalves Cabreira, Johnaton Gomes, Joilson Brites, Johnn Nara Gomes, Sarah Brites, Dulcídio Gomes, Edna Ximenes.
Uma invenção formal com conteúdo de denúncia, o filme nos ensina sobre resistência e vida nas retomadas no Mato Grosso do Sul, revelando uma outra forma de o cinema se relacionar com a terra e com os elementos cósmicos. Exibido no DocLisboa em 2018, foi destaque também em festivais brasileiros por sua linguagem cinematográfica inteiramente aberta ao modo de ser (nhanderekô) e de se documentar guarani-kaiowá. Premiado pelo Júri Jovem e pelo Júri Oficial do VIII Cachoeira.Doc como melhor filme.

ATL – Acampamento Terra Livre
Minas Gerais, 17', 2017
Direção: Edgar Kanaykõ
Em abril de 2017, em Brasília, povos indígenas de todas as regiões do país e das mais diversas etnias reuniram milhares de lideranças no maior Acampamento Terra Livre da história, exigindo seus direitos, que têm sido sistematicamente vilipendiados.

ZAWXIPERKWER KA'A – Guardiões da Floresta
Maranhão, 50', 2018
Direção: Jocy Guajajara
O filme apresenta, de dentro e com intensa proximidade, as atividades dos Guardiões da Floresta, um grupo que defende seu território com a própria vida – tanto sentido literal quanto com suas câmeras. Uma obra de ação real e suspense, na qual a câmera, para além do cinema direto, adquire novos usos e se torna um mecanismo de vigilância, uma aliada imprescindível nas ações de defesa do grupo. Aqui, uma câmera que não caça – como nos clássicos do cinema –, mas uma câmera que defende: o território, os indígenas, o que resta da floresta, todos nós. O filme abriu o Festival Autres Brésils, na França, em 2020.

Nūhū Yãg Mū Yõg Hãm: Essa terra é nossa!
Minas Gerais, 70', 2020
Direção: Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu, Roberto Romero
Antigamente, os brancos não existiam e nós vivíamos caçando com os nossos espíritos yãmĩyxop. Mas os brancos vieram, derrubaram as matas, secaram os rios e espantaram os bichos para longe. Hoje, as nossas árvores compridas acabaram, os brancos nos cercaram e a nossa terra se tornou pequenininha. Mas os nossos yãmĩyxop são muito fortes e nos ensinaram as histórias e os cantos dos antigos que andaram por aqui.

Yvy Pyte - Coração da Terra
Mato Grosso do Sul e Paraguai, 110', 2023
Direção: Alberto Alvares e Guilherme Cury
Em "Yvy Pyte", Alberto Alvares e José Cury traçam um percurso cinematográfico entre terras Guarani, desfazendo fronteiras físicas e simbólicas. O filme, entrelaçando sonhos, cantos e caminhos, revela a busca coletiva pelo tekoha, desafiando as imposições coloniais e revelando a ligação profunda entre espiritualidade, terra e liberdade. Palavras, cânticos e imagens aéreas costuram uma narrativa poética que desdobra a resistência Guarani e recria um mapa contra-colonial.

Ava Yvy Pyte Ygua - Povo do Coração da Terra
Mato Grosso do Sul, 39'', 2024
Direção: Coletivo Guahu'i Guyra
Um canto sagrado que protege a terra com os raios que contam a própria história do começo da Terra. Uma história contada pelas pessoas que nasceram no coração da terra.

"DIREITO À DIFERENÇA: NOSSO MODO DE VIDA, NOSSAS FESTAS, NOSSOS RITUAIS"

Bicicletas de Nhanderu
Rio Grande do Sul, 48', 2011
Direção: Kuaray Poty (Ariel Ortega), Pará Yxapy (Patrícia Ferreira)
Uma imersão na espiritualidade presente no cotidiano dos Mbyá-Guarani da aldeia Koenju, em São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul.

As Hiper Mulheres
Mato Grosso, Xingu, 79', 2011
Direção: Takumã Kuikuro, Leonardo Sette, Carlos Fausto
Temendo a morte da esposa idosa, um velho pede que seu sobrinho realize o Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu (MT), para que ela possa cantar uma última vez. Enquanto as mulheres do grupo começam os ensaios, a única cantora que de fato sabe todas as músicas se encontra gravemente doente.

Yãmiyhex, as mulheres espírito
Minas Gerais, 76', 2019
Direção: Sueli Maxakali e Isael Maxakali
As yãmĩyhex, mulheres-espírito, se preparam para partir após passar um tempo na Aldeia Verde. Os preparativos para a grande festa de despedida. Elas se vão, mas sempre voltam com saudades de pais e mães. Sueli é uma das primeiras mulheres indígenas cineastas no Brasil. Seus filmes co-realizados com Isael Maxakali, foram premiados em diversos festivais e destacados pela crítica. Em Yãmiyhex temos a chance de acompanhar o raro ritual das mulheres-espírito na Aldeia Verde, ritual que reviveu pela proposta do filme. Prêmio Olhos Livres na Mostra de Cinema de Tiradentes em 2020.

Sigyjat - A Pesca de Timbó
Mato Grosso, Xingu, 52', 2023
Direção: Aruti Kaiabi, Ewa Kaiabi, Juirua Kaiabi, Kujãesage Kaiabi,
Mairiwata Kaiabi, Reai'i Kaiabi, Reiria Kaiabi, Rywa Kaiabi, Ukaraiup
Kaiabi, Urukari Kaiabi e Wyiry Kaiabi
Na época da seca, nós, os Kaiabi da aldeia Guarujá, nos reunimos para fazer a pescaria do timbó. É uma pescaria coletiva que tem regras e cuidados, mas é muito alegre e divertida e garante muito peixe para as famílias.

Rami Rami Kirani
Acre, 33', 2023
Direção: Lira Mawapai HuniKui e Luciana Tira HuniKui
Até pouco tempo, as mulheres Huni Kuin não podiam consagrar e preparar o Nixi Pae (ayahuasca), apenas os homens detinham o conhecimento sobre o poder dessa medicina. Este filme acompanha os aprendizados, as transformações e a força da ayahuasca através da vivência das mulheres Huni Kuin.

Ketwajê
Tocantins, 77', 2023
Mentuwajê Guardiões da Cultura - Krahô e Coletivo Beture - Mebêngôkre-Kayapó
O grupo Mentuwajê Guardiões da Cultura (jovens cineastas Krahô) convida o Coletivo Beture (Mebêngôkre-Kayapó) para visitar sua aldeia e acompanhar a festa de Kêtwajê – um importante ritual de iniciação que não acontecia há dez anos. Durante vários dias, crianças e adolescentes passam por diversas "provas" para se transformarem em adultos guerreiros, perante o olhar atento e compartilhado entre os cineastas locais e os convidados Mebêngôkre-Kayapó.

"A FLUIDEZ DA FORMA": TRANSFORMAÇÃO, ENCENAÇÃO E PERFORMANCE"

O verbo se fez carne
Alagoas, 6', 2019
Direção: Ziel Karapotó
Curta experimental que apresenta a perspectiva da contracolonização por meio de uma sofisticada performance do artista e diretor do povo Karapotó, o jovem Ziel, que alia artes visuais e cinema ao colocar seu corpo em cena para tornar presentes os macroprocessos civilizatórios e os choques culturais que estes provocam. O filme se destaca por sua ousadia formal e foi exibido em importantes festivais de cinema do Brasil desde seu lançamento.

Kaapora, o chamado das matas
Bahia, 20', 2020
Direção: Olinda Muniz Wanderley (Yawar/Tupinambá)
Uma narrativa da ligação dos Povos Indígenas com a Terra e sua Espiritualidade, do ponto de vista da indígena Olinda, que desenvolve um projeto de recuperação ambiental nas terras de seu povo. Tendo a cosmovisão indígena como lente, a Kaapora e outros personagens espirituais são a linha central da narrativa e argumento do filme. PRÊMIOS: III FFEP – Festival do Filme Etnográfico do Pará – Melhor Curta Metragem da Mostra competitiva Divino Tserewahú; 12º Cinefantasy – Menção Honrosa da Mostra Competitiva Brasil Fantástico.

Ibirapema
Bahia, 50', 2022
Direção: Olinda Tupinambá
Viajando entre o mundo mítico e o mundo cotidiano, Ibirapema, uma indígena Tupinambá, se transmuta e percorre o espaço e o tempo, dialogando, por onde passa, com o mundo da arte ocidental, com a cidade e seus espaços de concreto e florestas domesticadas.

A Transformação de Canuto
Rio Grande do Sul, 130', 2023
Direção: Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho
Em uma pequena comunidade Mbyá-Guarani entre o Brasil e a Argentina, todos conhecem o nome Canuto: um homem que, muitos anos atrás, sofreu a temida transformação em uma onça e depois morreu tragicamente. Agora, um filme está sendo feito para contar a sua história. Por que isso aconteceu com ele? Mas, mais importante, quem, na aldeia, deveria interpretar seu papel?

Tupinambá na Baixada Santista
São Paulo, 6', 2022
Direção: Wescritor
Mini-documentário musical em formato de videoclipe de rap, criado por Wescritor e artistas tupinambá da Baixada Santista.

Drill de Kaysara, o Filme
São Paulo, 6', 2024
Direção: Wescritor
Mini-documentário musical, em formato de clipe de rap, criado por Wescritor e artistas tupinambá da Baixada Santista.

"CINEMAS DA FLORESTA, DO SONHO E DE LUTA"

Hekura
Amazonas, 25', 2018
Direção: Núcleo de Audiovisual Xapono Yanomami (NAX)
Registro do encontro de xamãs das comunidades Yanomami do Rio Marauiá.

Karemona
Amazonas, 13', 2019
Direção: Romeu Iximawëteri Yanomami / Núcleo Audiovisual Xapono – NAX
Crianças yanomami mostram como buscar os frutos de karemona na floresta para saborear e fazer pequenas flautas.

Mãri hi – A árvore dos sonhos
Roraima, 17', 2023
Direção: Morzaniel Ɨramari Yanomami
Quando as flores da árvore Mãri desabrocham, surgem os sonhos. As palavras de um grande xamã conduzem uma experiência onírica através da sinergia entre cinema e sonho yanomami, apresentando poéticas e ensinamentos dos povos da floresta.

Yuri uxëatima thë - A Pesca com Timbó
Roraima, 10', 2023
Direção: Aida Harika, Roseane Yariana e Edmar Tokorino Yanomami
Dois jovens realizadores yanomami descrevem o processo de pesca com timbó, cipó tradicionalmente empregado para atordoar os peixes. O encontro de vozes e perspectivas sugere o reencantamento das imagens como forma de contar história.

Thuë pihi kuuwi - Uma Mulher Pensando
Roraima, 15', 2023
Direção: Aida Harika, Roseane Yariana e Edmar Tokorino Yanomami
Uma mulher yanomami observa um xamã durante o preparo da yãkoana, alimento dos espíritos. A partir da narrativa de uma jovem mulher indígena, a yãkoana, que alimenta os Xapiri e permite aos xamãs adentrarem o mundo dos espíritos, também propõe um encontro de perspectivas e imaginações.

Ngoko'ohn
Pará, 2020, 33'
Direção: Beptemexti Kayapó (Coletivo Beture)
A comunidade da aldeia mãe Kubenkrãkej se organiza para realizar o ritual de Ngoko'ohn, a tradicional batida do timbó.

Menire djê
Pará, 2021, 14'
Direção: Bepunu Kayapó (Coletivo Beture)
Uma mulher colhe e prepara o jenipapo, faz a tintura e pinta sua filha com os grafismos que domina. Fala sobre as pinturas e a beleza mebêngôkre.

Menire djapej - o trabalho das mulheres
Pará, 2022, 9'
Direção: Kokokaroti Txukahamãe Metuktire, Nhakmô Kayapó, Nhakpryky Metuktire, Bepunu Kayapó (Coletivo Beture)
Três mulheres vão para a roça apanhar batata e retornam para a aldeia. O filme acompanha a coleta e o preparo do alimento tradicional kayapó na aldeia Wani Wani T.I. Capoto Jarina.

Tuíre Kayapó - O gesto do facão
Pará, 10', 2023
Direção: Coletivo Beture | Patkore Kayapó e Simone Giovine,
A guerreira Tuire relata para o neto Patkore detalhes sobre o lendário gesto do facão na mobilização contra a Eletronorte, em Altamira (PA), no ano de 1989.

Mebêngôkre pyka mã ruwyk â ujarej | A Chegada dos Mêbengôkre na Terra
Mato Grosso, 10', 2024
Direção: Kokokaroti Txucarramãe, Matsipaya Waura Txucarramãe, Simone Giovine (Coletivo Beture)
O cacique Raoni conta aos jovens cineastas Kayapó a história da chegada dos Mebêngôkré na Terra, repassada de geração em geração desde os tempos dos antigos.

"PARA ADIAR O FIM DO MUNDO"

Aguyjevete, Avaxi'i
São Paulo, 21', 2023
Direção: Kerexu Martin
Uma celebração da retomada do plantio das variedades do milho tradicional do povo Guarani Mbya na aldeia Kalipety, onde antes havia uma área seca e degradada, consequência de décadas de monocultura de eucalipto.

"Bakish Rao: plantas en lucha"
Amazonas/Brasil e Peru, 30', 2024
Direção: Denilson Baniwa e Comando Matico
Curta-metragem de ficção científica realizado pelo coletivo de artistas Comando Matico, do povo Shipibo-Conibo (Amazônia peruana), e pelo artista Denilson Baniwa (Amazônia brasileira). O filme especula sobre o futuro do planeta Terra sob a perspectiva das plantas, propondo uma especulação entre diferentes espécies para discutir formas de resistência à monocultura, à hierarquização entre formas de vida e à homogeneização ecológica e do pensamento.

Os Sonhos Guiam
São Paulo, 20', 2023
Direção: Natália Tupi
Para o povo Guarani Mbya, os sonhos são como se fossem portais para tudo aquilo que não vivemos no mundo físico. Este filme retrata algumas das experiências espirituais e sensoriais do jovem líder indígena Mateus Wera, morador da Terra Indígena Jaraguá, em São Paulo. Os sonhos compartilhados são a conexão entre ele e o irmão, Karaí Poty, e entrelaçam os caminhos da vida do cacique nas lutas atuais do seu povo.

Wadja
Pernambuco, 28', 2024
Direção: Narriman Kauane
O documentário biográfico conta a vida e carreira de Marilena Araújo, Wadja, mulher indígena, defensora das causas indígenas, da cultura e fundadora da Escola Bilíngue Antônio José Moreira. Apresenta a sua atuação pioneira na educação indígena e no ensino didático da língua materna do povo Fulni-ô, o Yaathe.

Abdzé Wede'õ – O Vírus Tem Cura?
Mato Grosso, 53', 2021
Direção: Divino Tserewahú
Narrado em primeira pessoa por Divino Tserewahú, o filme destaca a luta de sua aldeia, Sangradouro, ao leste de Mato Grosso, para sobreviver à trágica epidemia. Através de materiais de arquivo e imagens captadas por Divino durante a pandemia, o filme busca relacionar um passado traumático com a realidade da Covid-19 nas aldeias Xavante. Filme premiado no forumdoc.bh.2022 como Melhor Documentário da Mostra Contemporânea Brasileira.

A realização da mostra ‘Cosmologias da Imagem: cinemas de realização indígena‘ é da Filmes de Quintal, com a coordenação de Júnia Torres, produção de Arthur Medrado, Cora Lima e Clara Olac, e a produção executiva de Tatiana Mitre para a Amarillo Produções. A programação está disponível no catálogo virtual, que poderá ser baixado gratuitamente durante o período do evento.

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