texto enviado pela Assessoria de Imprensa da Fundação Memorial de Brumadinho
No Dia Nacional das Vítimas de Acidentes do Trabalho, espaço construído no local do rompimento da barragem em 2019, homenageia as 272 vidas perdidas e propõe reflexão sobre um dos episódios mais marcantes do país.
Neste 28 de abril, quando se celebra o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, o Memorial Brumadinho convida a sociedade a refletir sobre a maior tragédia ocupacional já registrada no Brasil. Resultado da mobilização das famílias das vítimas, o espaço foi construído no local onde a barragem da Mina Córrego do Feijão se rompeu, em 2019, e guarda os segmentos corpóreos das 272 joias que morreram naquele dia.
Eram 12h28 de 25 de janeiro de 2019 quando a barragem B1, da Mina Córrego do Feijão, se rompeu e, em menos de um minuto, cerca de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração soterraram as instalações onde trabalhadores exerciam suas atividades ou faziam sua pausa para o almoço. A lama avançou sobre uma área equivalente a quase 300 campos de futebol e destruiu tudo que havia pela frente.
A magnitude da tragédia escancarou uma realidade que ainda está longe de mudar. Hoje, o Brasil ocupa o 4º no ranking dos países com mais registros de acidentes ocupacionais, conforme relatório do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O país registra, em média, um acidente de trabalho a cada 51 segundos e mais de 2 mil trabalhadores perdem a vida anualmente em decorrência de atividades no ambiente profissional.
Entre as 272 vidas interrompidas pelo rompimento da barragem em Brumadinho estava a de Adriano Lamounier, 54 anos. Casado por mais de três décadas com Kenya Lamounier, com quem teve dois filhos, ele falou com a esposa pela última vez cerca de uma hora antes da tragédia.
Hoje, Kenya é diretora da Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (AVABRUM) e reforça o papel do Memorial como espaço de reflexão e honra aos trabalhadores que morreram em decorrência da tragédia.
“O que aconteceu em Brumadinho não foi um acidente. Foi uma escolha. O Memorial está aqui para contar essa história e dar rosto, nome e dignidade a cada trabalhador que saiu de casa para trabalhar e não voltou. É uma lembrança permanente de que irresponsabilidade mata”, afirma.
Compromisso
Mais do que uma homenagem, o Memorial cumpre o papel de relembrar permanentemente que tragédias como essa não podem se repetir e reafirma seu compromisso com a preservação da memória, a educação preventiva e o respeito à vida como valor inegociável.
Mantido e gerido de forma independente pela Fundação Memorial de Brumadinho, sem uso de recursos do acordo de reparação, o espaço conta com exposições, projetos educativos e uma escultura monumental instalada em meio a um bosque com 272 ipês. O local recebe visitantes de todo o Brasil — incluindo familiares de vítimas e profissionais interessados em discutir a cultura de segurança no trabalho.
Para a presidente da Fundação Memorial de Brumadinho, Fabíola Moulin, o 28 de abril é um importante lembrete de que o trabalho sem segurança não representa progresso. Ela destaca o papel do Memorial como um marco contra o apagamento da história e como provocador de mudanças reais.
“O Memorial é um espaço público, gratuito e aberto a todos. É também um compromisso coletivo com a prevenção, com a vida e com a memória — valores que não podem ser esquecidos. Ele nos obriga a olhar para a frente com uma nova perspectiva e cientes de que o cuidado com a vida é algo primordial em qualquer local, sobretudo nos ambientes de trabalho”, conclui.