Fugir do sol e entrar em uma câmara para ganhar um bronzeado, segundo profissionais de saúde, não é forma de evitar o tipo mais frequente da doença do Brasil
O Dezembro Laranja aproveita o início do verão e as férias para fazer um alerta que vale o ano todo: o cuidado com a pele. É comum que as pessoas corram para conseguir um belo bronzeado, mas a vontade de já chegar à praia ou a piscina com uma tonalidade de pele mais escura pode levar a um risco. Um dos atalhos, que está disponível mesmo no período da noite, as câmaras de bronzeamento artificial, deve ser evitado, segundo a dermatologista Paula Rahal e a biomédica Samanta Bussolaro.
“O melhor bronzeamento é aquele saudável, feito naturalmente e tomando todos os cuidados. As câmeras de bronzeamento artificial aumentam o risco de câncer de pele e, portanto, não são recomendadas”, afirma a médica dermatologista. A biomédica Samanta concorda, mas vê ainda uma possibilidade alternativa: “O uso dessas câmaras está associado a um maior risco de câncer de pele. Opte por métodos de autobronzeamento seguros, como loções ou sprays”.
O câncer de pele é o tipo mais frequente no Brasil, correspondendo juntos o não-melanoma e o melanoma a 34% dos diagnósticos, com cerca de 193 mil casos por ano, segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer). Nem toda pinta ou mancha que aparece no corpo é suspeita, mas é importante saber quais as caraterísticas que devem ser observadas. Os médicos costumam indicar 5 aspectos, que didaticamente colocam como ABCDE:
- A de assimetria (se dividir a pinta em quatro partes, elas não são iguais)
- B de bordas irregulares (você não percebe como uma linha de cortorno, mas algo irregular)
- C de cores, que avalia a variação da coloração (mais de uma tonalidade na mesma mancha)
- D de diâmetro (a pinta é maior do que seis milímetros)
- E de evolução (mudança no padrão de cor, crescimento, coceira e sangramento)
A biomédica Samanta Bussolaro, especializada em biomedicina estética, alerta para alguns cuidados com a pele que podem ajudar a evitar o câncer ou, ao menos, não causar o risco. Os tipos de câncer de pele mais comuns tem ligação natural com a forma como o indivíduo se expõe ao sol. A profissional lembra que mesmo quem não toma sol pode desenvolver a doença e exemplifica, lembrando que o melanoma, tipo mais agressivo de câncer de pele, não está diretamente ligado a este fator.
Dentro do universo dos 34% de câncer de pele, existem três mais frequentes. O Carcinoma basocelular (CBC) é o que mais ocorre e geralmente aparece em áreas frequentemente expostas ao sol, como face, pescoço, ombros, costas e braços. Apresenta-se como uma lesão elevada, brilhante ou translúcida, de cor branco perolado ou rosa. Já o Carcinoma espinocelular (CEC), também relacionado à exposição solar, pode surgir em diferentes partes do corpo e apresenta-se como uma lesão áspera, escamosa, com crostas que não cicatrizam ou feridas que sangram.
O câncer de pele mais agressivo por sorte não é o mais comum, porém sua ocorrência não é nada desprezível. O Melanoma costuma ter uma aparência que – aos médicos – é muito característica. Geralmente, manifesta-se como uma pinta escura com bordas irregulares, mudanças de cor ou tamanho. Ao contrário da maior parte dos carcinomas, ele pode surgir em qualquer parte do corpo, inclusive em áreas não expostas ao sol. É importante o dignóstico precoce, já que ele pode eloluir com uma certa rapidez e trazer mais prejuízos ao paciente.
As profissionais de saúde recomendam a escolha correta dos horários de ir para a praia ou piscina. Segundo a dermatologista Paula Rahal, ainda que a exposição solar seja saudável, não deve ser feita a qualquer hora do dia. Para evitar queimaduras na pele e outras complicações, deve-se evitar o sol forte, entre 10h e 16h. “É importante lembrar que mesmo a pele negra, com a proteção natural da melanina, está sujeita a queimaduras, portanto os cuidados valem para todo mundo”. O uso do protetor solar, mesmo em dias nublados, é também uma das recomentações mais reforçadas.
Samanta Bussolaro reforça que é importante observar regularmente seu corpo, inclusive as costas, detectar possíveis alterações na pele, como novas manchas, crescimento de pintas existentes, mudanças de cor ou forma. E, claro, ao identificar uma lesão suspeita na pele, procurar um profissional para avaliação e diagnóstico adequado. Caso existam na familia casos de câncer de pele, faça da visita ao dermatologista uma rotina, recomenta a biomédica.
A alimentação e ingestão de líquidos, podem não ter relação com a prevenção ao câncer de pele, mas colaboram para um bronzeado saudável. Paula Rahal recomenda que se tome bastante água e sucos naturais e que seja reduzido consumo de bebidas alcóolicas, que faz com que se urine mais, o que contribui para a desidratação. Alguns alimentos ricos em betacaroteno ajudam a conquistar aquela tonalidade bronzeada da pele, quando unidos à exposição solar. Uma dieta rica em cenoura, abóbora, manga, espinafre, brócolis e batata doce, por exemplo, é uma boa pedida para o verão. “Da mesma forma’, complementa a dermatologista, “outros alimentos que contribuem para uma pele hidratada são peixes, sementes e nozes, pepino, laranja e abacate”.
Paula Rahal é dermatologista da Clínica Dr. Otávio Macedo & Associados, de São Paulo, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. Pós-graduada em Oncodermatologia pelo Hospital Albert Einstein.
Samanta Bussolaro é biomédica especializada em biomedicina estética e faz parte da equipe de profissionais da Clínica BeQueen, especialista em oferecer tratamentos estéticos avançados e personalizados, visando melhorar a aparência e a autoestima de seus pacientes.