Por Luana Wandecy
O ciclo de inovação no mercado pet muitas vezes é desacelerado devido a considerações regulatórias e à ênfase na segurança alimentar e bem-estar animal. No entanto, à medida que a demanda por soluções tecnológicas cresce, o setor está introduzindo inovações notáveis em monitoramento, saúde e interação com animais de estimação.
Segundo a ABINPET, estima-se que existem um total de 167,6 milhões de pets no Brasil, sendo 67,8 milhões de cães e 33,6 milhões de gatos. Entretanto, embora o mercado pet tenha experimentado um crescimento notável ao longo dos anos, ainda é frequentemente percebido como pouco inovador em termos de tecnologia. Esta percepção pode ser atribuída a vários fatores, incluindo um ciclo de inovação mais lento, considerações regulatórias, ênfase na segurança alimentar e bem-estar animal, e uma tradição de foco em produtos físicos.
A percepção de que animais de estimação não necessitam de tecnologias avançadas também contribui para essa visão. Enquanto o setor trava a inovação interna, empresas fora do setor trazem soluções de seu mercado adaptadas para o segmento pet, que é o terceiro maior do mundo. Esses novos entrantes trazem consigo perspectivas e ideias inovadoras, impulsionando a competição e incentivando a evolução do setor. Esse movimento também apresenta desafios para as empresas estabelecidas, que precisam se adaptar rapidamente às mudanças.
Diversos mercados, como alimentação e nutrição, saúde, tecnologia, serviços online, moda e estilo de vida, estão apresentando soluções inovadoras no setor pet. Exemplos notáveis incluem a Amazon, que lançou uma linha de alimentos naturais para animais, a Google com o aplicativo Pet Finder e a Whistle, que desenvolveu um rastreador GPS para animais de estimação.
As empresas tradicionais no mercado pet enfrentam desafios significativos, como resistência à mudança e falta de conhecimento em novas tecnologias. No entanto, elas possuem a vantagem de uma base de clientes estabelecida. A colaboração entre setores é uma maneira eficaz de impulsionar a inovação. Já perceberam isso Nestlé Purina em parceira com a Qualcomm, e o Mars Petcare e em parceira com Kinship, que resultaram em produtos inovadores e aceleradoras de startups.
A mudança nas preferências do consumidor é constante, e a receptividade a novas soluções inovadoras está em alta. O consumidor moderno busca ser pioneiro em tendências, e empresas devem estar atentas a esse dinamismo para manterem-se relevantes.
Para manter a competitividade em um cenário de inovação constante, é essencial adotar estratégias proativas, como fomentar uma cultura organizacional que valorize a inovação, estabelecer parcerias estratégicas e incorporar ativamente tecnologias emergentes.
Promover uma cultura interna que incentive a inovação requer liderança comprometida, valorização da diversidade de pensamento e reconhecimento de profissionais inovadores. A aprendizagem contínua e a aceitação de riscos são fundamentais nesse processo.
Transformar o mindset das empresas tradicionais requer uma abordagem estratégica abrangente, incluindo liderança comprometida, sensibilização, estabelecimento de metas claras, recompensas por inovação e promoção da colaboração.
Incorporar uma mentalidade mais inovadora em suas operações requer ações práticas, como incentivo à liderança, colaboração interdepartamental, espaços para troca de ideias, programas de treinamento e feedback contínuo. Um ambiente que valorize o aprendizado contínuo e celebre sucessos inovadores é crucial.
Em um mercado em constante evolução, a inovação é a chave para o sucesso no setor pet. Empresas que adotam uma abordagem proativa e colaborativa estão mais bem posicionadas para atender às crescentes demandas dos proprietários de animais de estimação e moldar o futuro do mercado pet.
Sobre a autora: Luana Wandecy é mestre em Ciência, Tecnologia e Inovação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, formada em Engenharia de Computação, também pela UFRN. Foi apontada como uma das 18 mentes mais inovadoras do Brasil em 2023 pelo MIT Technology Review no ‘Innovators Under 35’. É CEO da Blindog. Leia também a matéria blindog-oferece-qualidade-de-vida-a-caes-cegos.
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