Prevenção à Dengue tem diversas ações importantes que devem ser realizadas, uma delas diz respeito aos criadouros, que vai além de esvaziar locais de acúmulo de água.
As campanhas sobre a Dengue, historicamente, comentam sobre a questão da água parada em pratinhos e pneus com tamanha intensidade, que muitas pessoas se esquecem de outras importantes ações. Uma delas que é pouco comentada é a questão da limpeza destes locais que, eventualmente, podem acumular água. O motivo é que os ovos do mosquito depositados na água podem resistir a longos períodos secos e eclodirem normalmente, quando novamente estiverem imersos.
Ou seja: a parede seca do pratinho embaixo dos vasos pode ter ovos que não enxergamos e quando este recipiente volta a receber água, os ovos retomam seu ciclo de desenvolvimento, e nascem os mosquitos.
Esta informação é comprovada por pesquisas, citadas por algumas fontes em saúde, e também o diretor-executivo da ABIPLA, Paulo Engler. “Há pesquisas que atestam que os ovos do mosquito podem sobreviver por longos períodos em objetos secos, por isso, é necessário que as pessoas realizem a limpeza com escovas, sabões e desinfetantes, em locais de maior possibilidade de acúmulo de água, como pratinhos, latões de lixo e calhas”, explica lembrando que a limpeza deve ser realizada após o descarte da água parada.
De acordo com o Ministério da Saúde, os ovos do Aedes aegypti medem cerca de 0,5mm, o que pode dificultar a visualização. A sobrevivência destes ovos à seca é bastante significativa: cerca de um ano! Neste período, se voltam a ter contato com a água, o mosquito pode ainda nascer. “E temos que lembrar que o Aedes aegypti também transmite outras enfermidades graves, como chikungunya, zika e febre amarela”, diz Engler.
Segundo o Ministério da Saúde, o ano de 2023 teve alta de 15,8% nos casos de dengue. E 2024 começou com possibilidade de epidemia da doença em ao menos três regiões do País: Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Os números oficiais em 2023 foram de 1,6 milhão de ocorrências de dengue, além de 145,3 mil casos de chikungunya, com 100 mortes. Os dados da zika, publicados apenas até abril do ano passado, superaram 7 mil contaminações.
Quando não estamos falando da água nos pratinhos de plantas ou pneus, há casos em que não é possível eliminar a água parada, como caixas de descarga, ralos e vasos sanitários. Para estes, a melhor indicação ainda é a limpeza constante e profunda, já que existe alguma contestação sobre a efetividade do uso de água sanitária para eliminação das larvas. O diretor-executivo da ABIPLA, no entanto, cita estudo realizado pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP que indica eficácia da água sanitária maior que 90% na mortalidade das larvas do mosquito após 48 horas.
Paulo Engler lembra que esta indicação é válida para locais em que é preciso manter a água parada que não tenha finalidade de consumo para humanos ou animais. As quantidades variam de uma colher de chá (para vasos sanitários de uso não diário) até dois copos de 200ml (para barris de 200 litros de água).
Outras importantes informações sobre como lidar com a limpeza de ambientes para evitar doenças e até algumas pragas urbanas, a cartilha Enfrentando Estragos Causados por Chuvas Fortes, Alagamentos e Enchentes foi escrita a está sendo distribuída gratuitamente de forma online pela ABIPLA, o CFQ – Conselho Federal de Química, a APRAG – Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas e o SINDPRAG – Sindicato das Empresas de Controle de Vetores e Pragas Urbanas.
Leia também, sobre as fake news que surgem nesta época, falando de prevenção à dengue, a matéria “De novo a Ivermectina???“