Por Paulo de Vilhena
A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador. Contudo, é importante analisarmos outra questão que aflige pessoas ao redor de todo o mundo: a motivação e o engajamento das equipes no trabalho.
Um estudo global realizado pelo Gallup em 2022, mostrou que apenas 21% dos profissionais do mundo se sentem realmente engajados com o trabalho. Na minha visão, este é um resultado que reflete um grande desalinhamento entre os objetivos da organização e a sua relação com os profissionais responsáveis por operacionalizar o dia a dia.
Quando empresários me procuram em busca de respostas sobre como motivar a equipe, eu costumo fazer uma pergunta: o que faz você perceber que há falta de motivação? Na maioria das vezes, suas falas estão em linha com a falta de velocidade na execução das atividades. Para mim, isso não é problema de motivação, e sim de direcionamento e estrutura de trabalho.
A primeira coisa que precisamos ter claro é que não adianta ter motivação se estivermos no caminho errado. Eu sempre digo que prefiro alguém que vai no caminho certo e devagar, do que alguém que vai no caminho errado altamente motivado a fazer as coisas muito depressa.
Obviamente que, se eu for capaz de colocar a pessoa no caminho certo e depois a incentivar a ir um pouquinho mais depressa, é melhor ainda, mas este é outro passo. A segunda coisa que eu gosto de trazer é que motivação, para mim, é aquilo que nos faz sair da inércia e começar projetos.
A motivação faz com que a gente se inscreva na academia, procure um nutricionista para ter um plano alimentar melhor, inicie um novo projeto na empresa, defina um objetivo para a carreira etc.
Contudo, não é a motivação que nos faz atingir o resultado. Para isso, precisamos de disciplina, ou seja, precisamos ser capazes de aparecer para fazer o que tem que ser feito consistentemente, mesmo quando não nos sentimos motivados para tal. Ninguém está motivado todos os dias o tempo todo.
Por isso, o desafio das organizações é construir um ambiente que estimule o comprometimento e o engajamento de todos com determinadas práticas diárias que, justamente por serem implementadas de maneira consistente, farão o resultado desejado aparecer.
Quando o ser humano entra numa organização para trabalhar, o seu interesse básico não é aumentar o lucro dessa organização ou empresa, mas satisfazer necessidades pessoais de ordens diversas. Se ele não encontrar no trabalho meios de satisfazer as suas expectativas e de atingir as metas principais da sua existência, ele não se sentirá numa relação de troca, mas de exploração.
Como líderes, nosso papel é equilibrar essa dinâmica para que não apenas as atividades sejam realizadas com qualidade e no nível necessário, mas também que gerem realização pessoal para todas as pessoas que fazem parte da empresa. Por isso mesmo, é importante conhecer o perfil de cada pessoa da equipe para perceber o que cada colaborador busca e como esse objetivo pessoal pode ser transposto na sua rotina profissional.
A lição fundamental que podemos extrair desse debate sobre motivação e disciplina é a seguinte: a motivação pode nos impulsionar a começar, a dar o primeiro passo em direção aos nossos objetivos, mas é a disciplina que nos leva até o fim da jornada. Portanto, deixo meu convite para que você cultive a disciplina e permaneça consistente e comprometido com seus objetivos, mesmo nos dias em que a motivação está em baixa.
Sobre o autor: Paulo de Vilhena é empresário e especialista em aceleração de resultados empresariais, com MBA pela Universidade Católica Portuguesa. Autor de seis best-sellers sobre negócios, entre eles Alavancagem (DVS Editora). Professor Convidado da Universidade do Algarve, há 16 anos apoia empresas no seu crescimento e auxilia milhares de empresários a alavancar os seus resultados.
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