Médicos indicam que não á muito a se celebrar este ano, pelo Dia Mundial sem Tabaco e Dia de Combate ao Fumo
A última sexta, 31 de maio, deveria ser um dia de celebração: o Dia Mundial sem Tabaco, criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, médicos e pesquisadores na área da saúde alertam para um cenário desolador… O número de fumantes no Brasil que havia caído no período pós-pandemia, voltou a crescer e, ainda mais, é preocupante que cigarros eletrônicos e vape sejam a nova mania entre adolescentes.
Dados do IPC Maps, especializado em potencial de consumo, apontam que até o final deste ano, os brasileiros gastarão cerca de R$ 29 bilhões com produtos derivados ou relacionados ao tabaco. A capital paulista é um dos maiores consumidores, representando quase dez por cento deste total, com projeção de R$2.6 bilhões. Neste cálculo, são levadas em conta as despesas com cigarros, charutos, fumo para cachimbo, fumo para cigarros e outros artigos para fumantes, como fósforos, isqueiros etc.
Consumo em São Paulo Capital
Em São Paulo, capital, o número de fumantes, baseado nos gastos em produtos relacionados ao fumo, havia caído em algumas camadas da população logo após a pandemia, especialmente nas classes A, D e E. Ainda que a projeção para 2024 aponte para um aumento potencial de consumo para estas duas camadas, em relação ao ano anterior em torno de 6%, os valores relacionados a estes grupos ainda estão um abaixo dos registrados em 2019.
Ainda que nas classes A, D e E, tanha sido registrada uma grande queda de despesas com fumo desde a pandemia, o índice total em São Paulo não deixou de crescer. Infelizmente, entre 2023 e 2024, a projeção do IPC Maps mostra que nos dois últimos anos, o aumento voltou a ser resgistrado em todas as camadas. O volume mais alarmante está concentrado na classe B, com aumento potencial de consumo de 34,6% entre 2019 e 2024. A classe C também tem um aumento de consumo em torno de 7,4%.
Cigarro eletrônico como iniciação ao tabagismo convencional
Quando os Cigarros Eletrônicos chegaram ao Brasil, há mais de uma década, eles eram um instrumento para se parar de fumar. A idéia era comprar as recargas com cada vez menos nicotina, o que levaria o fumante a “não precisar” mais do cigarro. Houve muitos relatos de sucesso, mas a fabricação e venda do dispositivo nunca foram permitidas no país. Com isso, o controle sobre seu uso e as substâncias que ele carrega não é realizado, já que se trata de um produdo clandestino.
O oncologista William Nassib William Jr, da Oncoclínicas, alerta para esta questão e o aumento do consumo dos dispositivos: “Os cigarros eletrônicos são proibidos no Brasil e, portanto, não regulamentados e nem controlados por órgãos competentes. Apesar disso, estamos vendo um crescimento significativo do consumo, especialmente entre adolescentes e jovens adultos, e já observamos danos à saúde em diversos casos, inclusive fatais, especialmente por inflamação no pulmão, conforme relatos clínicos coletados em todo o mundo”.
A Organização Mundial de Saúde já mostra preocupação sobre o aumento do uso da nicotina em pessoas menores de 20 anos. Além disso, sinaliza que crianças e adolescentes que usam cigarros eletrônicos e Vape têm pelo menos duas vezes mais probabilidade de se tornarem fumantes de cigarros convencionais.
A pneumologista Fernanda Miranda, centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, alerta para outra ‘moda’ que surgiu: a volta dos cigarros de palha. “Os cigarros de palha são frequentemente considerados menos prejudiciais do que os cigarros convencionais devido à ausência de alguns aditivos químicos presentes nos industrializados, mas essa é uma impressão equivocada. Os cigarros de palha ainda contêm tabaco e produzem fumaça, o que os torna prejudiciais à saúde, causando as mesmas doenças que os convencionais, chamados comumente de cigarros brancos”.
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