Por Julio Bastos*
Na última sexta-feira, 28 de junho, celebramos o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+. A data não é apenas um dia de comemoração, mas um marco histórico que remete a 1969, quando mulheres trans, gays, lésbicas e outros membros da comunidade se revoltaram contra a violência policial no Stonewall Inn, em Nova York. A rebelião de Stonewall marcou o início do movimento moderno pelos direitos LGBTQIAPN+, e desde então, temos testemunhado muitas vitórias, mas também enfrentado inúmeros desafios.
Apesar das conquistas alcançadas ao longo dos anos, a luta está longe de terminar. Atualmente, ser homossexual é criminalizado em 64 países, evidenciando que o preconceito e a discriminação ainda são uma realidade para muitos. No Brasil, a situação é particularmente alarmante. Em 2023, 257 pessoas LGBTQIAPN+ foram mortas violentamente, um aumento em relação ao ano anterior. Esses números colocam o Brasil como o país mais homo transfóbico do mundo, segundo dados do Grupo Gay Bahia (GGB).
A violência e a discriminação são apenas uma parte dos desafios enfrentados pela comunidade. Outros problemas incluem a desigualdade no mercado de trabalho, o acesso inadequado a serviços de saúde, a falta de direitos legais e a escassa representação na mídia e na política. Cada um desses desafios tem um impacto profundo e duradouro nas vidas das pessoas LGBTQIAPN+.
Como executivo e membro da comunidade LGBTQIAPN+, sinto que tenho a responsabilidade de lutar pela equidade. É urgente que criemos ambientes onde todos possam ser autênticos e respeitados, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Promover mudanças positivas e assegurar que todos tenham as mesmas oportunidades e direitos é um dever de todos nós.
A discriminação e o preconceito não afetam apenas as vítimas diretas, mas corroem os fundamentos de uma sociedade justa e igualitária. Quando permitimos que a intolerância prevaleça, estamos perpetuando um ciclo de opressão que limita o potencial de milhões de indivíduos. A verdadeira inclusão e a igualdade de direitos são benéficas não apenas para a comunidade LGBTQIAPN+, mas para toda a sociedade.
Além disso, a saúde mental da comunidade LGBTQIAPN+ é severamente impactada pela pressão do estigma e da discriminação. Estudos mostram que a taxa de depressão, ansiedade e suicídio é significativamente maior entre pessoas LGBTQIAPN+. Garantir um ambiente seguro e acolhedor é vital para o bem-estar emocional e psicológico dessa população.
Como vemos, o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+ é uma celebração das vitórias passadas, mas também um lembrete dos desafios que ainda enfrentamos. Como membros e aliados da comunidade, temos o dever de continuar lutando por um mundo onde todos possam viver com dignidade e respeito. A luta pela equidade não é apenas uma questão de direitos humanos, mas de justiça e humanidade.
Sobre o autor: Julio Bastos é head comercial na Gi Group Holding, multinacional italiana, reconhecida como uma das provedoras de serviços voltados para a evolução do mercado de trabalho global.
A sessão de artigos é publicada às segundas-feiras, com textos de colunistas convidados, são publicados tanto artigos de opinião, como literários. Seu conteudo é de total responsabilidade dos autores e pode não refletir o posicionamento do site. Encontre mais artigos publicados neste link.