Medicamentos que precisa de refrigeração x apagão

três canetas de insulina, sendo uma com uma gotinha saindo da agulha.
(imagem reprodução https://diabetes.sjdhospitalbarcelona.org/)

Usuários de insulina e outros remédios que necessitam ser guardados em temperaturas baixas, sofrem com apagões, e precisam ter sempre uma solução emergencial de armazenamento

Cerca de 36 mil paulistanos passaram praticamente uma semana sem energia elétrica em casa, a partir de um temporal na última sexta-feira, dia 11. Ainda que a concessionária Enel tenha informado na noite de quinta (17) que havia reestabelecido 100% das ligações elétricas, o portal da Band (link) informa que existem casos em que a luz não voltou. O apagão tem consequencias diretas na vida das pessoas e nos negócios também. Além do problema com alimentos que acabam estragando, do escuro e da falta de internet ou televisão, pessoas que utilizam medicamentos que necessitam ser conservados sob refrigeração, como a insulina, passam por um drama terrível.

Ao contrário do que muitos podem pensar de imediato, colocar o medicamento biológico, aquele que precisa ser mantido em refrigeração, em um isopor com gelo ‘caseiro’ não é recomendado. Pelo contrário! Liana Montemor, farmacêutica e diretora técnica do Grupo Polar, alerta para o perigo de se usar o gelo feito em casa a partir de água: “Esse gelo água, produzido em casa, por meio de forminhas, jamais deve ser utilizado, devido ao risco inerente de congelamento do medicamento”. Mesmo o gelo artificial, que é recomendado nestes casos, deve ser posicionado com cuidado. Ele não pode encostar diretamente no frasco, sob o risco de congelar o medicamento.

Mais de três milhões de pessoas foram impactadas com o apagão, milhares precisaram enfrentar consequencias na área da saúde. Segundo Liana, em Santo Amaro, todo o estoque de insulina de duas casas de repouso foi parar no lixo. Em São Bernardo do Campo, uma paciente perdeu R$ 600 em insulinas. A farmacêutica comenta que existem caixas apropriadas para preservar os medicamentos refrigerados no caso de falta de energia, mas mesmo as que tem tecnologia mais avançada não seguram a temperatura por mais de quatro dias. Este último apagão para muitas pessoas, dramaticamente, superou este tempo.

Sistema de “sistema backup”.

Todo cidadão que viva em um local com histórico de apagão deve ter alguns sistemas para amenizar o desconforto e aumentar a segurança nestas ocorrências. Ter em casa uma luz de emergência já não é caro e nem exagero. Existem vários modelos com valores diferentes, que podem ser regularmente carregados, ou mesmo deixados na tomada de forma cotidiana. Para alimentos, bolsas ou caixas términas são uma idéia, associada a cubos de gelo (no caso da comida, até o gelo caseiro pode ajudar). Já as pessoas que dependem de medicações que precisam ser conservadas em temperatura reduzida, devem investir ainda um pouco mais.

Dependendo da possibilidade financeira (e de espaço) há diferentes tipos de caixas térmicas, que usadas com o gelo artificial, conservam o medicamento na temperatura adequada. “Esses gelos em gel ou espuma podem ser encontrados em lojas especializadas em produtos para refrigeração. Os itens têm propriedades exclusivas que garantem a estabilidade na manutenção térmica de produtos de cadeia fria e são indicados para produtos que requerem tempo e temperaturas controlados, principalmente para a faixa de 2 a 8°C, como o caso da insulina”, explica Liana Montemor.

É importante seguir as orientações que dos especialistas para evitar que o medicamento entre em contato direto com o gelo. Se o remédio congelar não poderá mais ser utilizado. “Existem empresas que são especialistas nesse tipo de solução e que ensinam ao paciente fazer esse procedimento de forma correta, garantindo a qualidade e eficiência do medicamento”. Existem bolsas térmicas que mantém a refrigeração até 15 horas, mas também caixas que chegam a 96 horas. A especialista comenta ainda que é possivel adquirir termômetros ou dispositivos que monitoram a temperatura para dar mais segurança ao paciente.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o Brasil tem 16,8 milhões de pessoas com Diabetes, entre as quais cerca de 560 mil têm diagnóstico de diabetes tipo 1 e necessitam de insulina diariamente para sobreviverem. Já de acordo com o relatório “Type 1 diabetes estimates in children and adults”, de diabetes tipo 1 em crianças e adultos, da IDF (Federação Internacional de Diabetes, na sigla em inglês), o Brasil é o 3º país no mundo em casos absolutos de diabetes tipo 1, atrás apenas dos Estados Unidos (1º colocado) e da Índia.