Íntegra de conteúdo enviado pela Assessoria de Imprensa da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo
Segundo o médico, a segurança está no uso do fármaco original
O médico endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional São Paulo (SBEM-SP), Ricardo Barroso, explica abaixo as 10 principais dúvidas sobre o ozempic, medicamento utilizado no tratamento do diabetes tipo 2, cujo princípio ativo, semaglutida, também tem sido utilizado para auxiliar na perda de peso, promovendo a redução do apetite e o controle do peso corporal. A semaglutida é indicada como parte de um plano de tratamento que inclui dieta e exercícios físicos.
- O Ozempic pode interagir com outros medicamentos?
O Ozempic causa retardo na identificação do esvaziamento gástrico, com isso, haveria a possibilidade de haver também esse retardo na absorção de alguns medicamentos. Entretanto, ainda não há essa relação de causalidade entre o uso da semaglutida e a piora da absorção de alguns medicamentos. O que se sabe é que o Ozempic pode interagir com medicamentos hipoglicemiantes, ou seja, aqueles que causam queda na glicemia; portanto, as doses desses medicamentos devem ser ajustadas.
- O Ozempic é seguro para uso a longo prazo?
O Ozempic é uma medicação segura para uso a longo prazo, em razão do próprio mecanismo de ação: foi criado para ser utilizado de forma prolongada, já que a obesidade e o diabetes são doenças crônicas, que não têm cura, mas têm controle.
- Como armazenar o Ozempic?
O Ozempic deve ser armazenado, de preferência, em refrigeração a uma temperatura de 2 a 8 graus Celsius, que é a temperatura normal da geladeira. Não deve ser congelado para não perder a eficácia. Pode ficar até 6 semanas fora da geladeira, em temperaturas abaixo de 25 a 30 graus Celsius, mas o ideal é a refrigeração.
- Ozempic pode ser manipulado?
Não existe Ozempic ou semaglutida manipulada. A única forma segura de se usar este medicamento disponível no Brasil é obtendo o fármaco original. E aqui fica um alerta para que observem bem a embalagem, para evitar medicamentos adulterados.
- Ozempic causa problemas cardiovasculares?
A semaglutida não causa problemas cardiovasculares; pelo contrário, estudos mostram que reduziu em cerca de 20% as doenças cardiovasculares, como infarto e AVC. Também melhorou a redução da doença do fígado e a progressão da doença renal. Então, Ozempic é uma medicação que não só não traz esses riscos, como traz benefícios.
- Crianças e adolescentes podem usar Ozempic?
A aprovação em bula do Ozempic é a partir dos 18 anos de idade, mas já existem estudos com adolescentes a partir dos 12 anos mostrando segurança com o uso da semaglutida para tratamento de obesidade.
- Quais são as contraindicações do Ozempic?
As contraindicações absolutas são casos de alergia a algum componente do Ozempic ou a própria semaglutida, o que é muito raro. Condições que precisam de cautela máxima na avaliação do custo-benefício para uso da semaglutida: pacientes com retinopatia diabética e pacientes que já tiveram pancreatite.
- Ozempic pode causar perda de cabelo?
A semaglutida pode causar uma perda de peso mais rápida, e essa perda de peso rápida pode causar queda de cabelo.
- Posso tomar Ozempic e beber álcool?
Estudos mostram uma redução de até 50% do consumo de bebidas alcoólicas em quem faz uso da semaglutida. Ou seja, não está contraindicado ingerir bebidas alcoólicas; pelo contrário, o fato de ter problemas com álcool e o excesso de peso seria até uma indicação de se usar o medicamento.
- O Ozempic pode ser usado para tratar a acne?
Não há indicação de uso para tratar a acne: ao perder peso, há uma melhora na saúde como um todo e no perfil hormonal. E isso pode levar à melhora da acne. Diminuir a ingestão de açúcar, massas e alimentos processados e gordurosos pode resultar em melhora da acne. Mas não há uma relação direta de Ozempic e melhora da acne. E sim uma relação secundária à melhora dos hábitos alimentares, da perda de peso e do tratamento da obesidade.
n.r.: Ricardo Barroso é médico endocrinologista e metabologista com especialização em diabetes tipo I e tipo II, com tratamento de difusões hormonais. Possui Residência Médica em Endocrinologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).