Para mostrar que os índios necessitam mais que um dia e festas com fantasias, vários eventos e documentários são produzidos. Esta noite, será exibido na TVGlobo o documentário Falas da Terra. Na internet, o Festival Rec-Tyty reune produções e discussões.
Todo dia era Dia de Índio. A música composta por Jorge Ben (Jor) e interpretada por Baby (do Brasil) Consuelo, no início dos anos 80, retrata a realidade dos povos indígenas de nosso país. Celebrar um dia do ano como ‘Dia do Índio’, tem um peso um pouco maior até que um ‘Dia da Mulher’, por exemplo. É claro que todos os dias são das mulheres e todos os dias são dos índios, mas o respeito aos primeiros habitantes de nossa terra nem sempre é pleno.
O Festival de Artes Indígenas rec•tyty acontece de forma online, com é um exibição pelo Youtube. A curadoria é de representantes de algumas etnias e o repertório é composto de música, dança, tradições e histórias. Os curadores do evento são Ailton Krenak, Cristine Takuá, Carlos Papá, Naine Terena e Sandra Benites. A programação se iniciou no último sábado, dia 17 e irá até o próximo domingo, dia 25 de abril.
Segundo os organizadores, o objetivo do festival é “tocar o coração do público por meio da exposição e ativações de diversos artistas indígenas atuantes no país”. Diariamente são exibidos documentários, que permanecem disponíveis para acesso (veja abaixo dois docs que foram mostrados no fim de semana!). A programação acontece às 16h e às 19h, com eventos pela manhã nos dias 22 e 23 (veja aqui detalhado).
O nome do festival une duas expressões Rec e Tyty, como explicam os organizadores do evento: “Rec é gravação, registro. Na língua Guarani, tyty é a pulsação do coração e das emoções. Segundo a sabedoria Guarani, é este pulsar dos afetos e do coração que registra nossas memórias em nosso cérebro. Inspirado pelas cores das revoadas de aves e pelo poder de cardumes e colmeias, rec•tyty é uma celebração para suspender o céu, união da resistência e da pulsação, expressão do nosso desejo de viver de forma coletiva”.
Documentários já exibidos no festival
AVA YVY VERA – TERRA DO POVO DO RAIO.
O documentário de 52 minutos foi produzido pelo Coletivo de Diretores Tekoha Guaiviry, um grupo de realizadores audiovisuais do povo Guarani Kaiowa. É formado por lideranças e jovens que vivem na aldeia Guaiviry, no sul de Mato Grosso do Sul. Em 2016, Genito Gomes, Valmir Gonçalves
Cabreira, Johnaton Gomes, Joilson Brites, Johnn Nara Gomes, Sarah Brites, Dulcídio Gomes e Edna Ximenes produziram o documentário “Ava yvy vera – Terra do povo do raio”, que enfoca o teko, modo de ser guarani. Ele foi exibido e premiado em inúmeras mostras nacionais de cinema.
O ÚLTIMO SONHO
O documentário de Alberto Alvares, de 54 minutos, homenageia o líder Guarani espiritual, Wera Mirim. João da Silva, da aldeia Sapukai/Angra dos Reis –Rj, teve o seu passamento em 2016. Ele sempre ouvia e seguia, a orientação de Nhanderu, para guiar o seu povo na caminhada no território através da sabedoria, do seu sonho e de suas belas palavras. O documentário tem fotografia de Alberto Álvares e Guilherme Cury, sonorização de Jessica Dionisio e apoio institucional de CTL/São Paulo e Funai de Paraty Mirim Museu do Indio/Funai. A montagem e tradução são de Alberto Álvares, com agradecimentos às lideranças Domingos Venites Aldo Guarani Dona Rosa Silvia Kerexu Jaxuka, e, em memória à Wera Mirim.
Festival rec•tyty Programação: https://rectyty.com.br/ Produção: Instituto Maracá Parceria: Selvagem Ciclo de Estudos Curadoria: Cristine Takuá, Carlos Papá, Ailton Krenak, Naine Terena e Sandra Benites Design: Anna Dantes Direção de Relações Institucionais: Adriana Calabi Direção de Produção: Otávio Oscar Mídias Sociais e Assistentes de Design: Isabelle Passos e Heloísa Franco Assessoria de Imprensa: Mercedes Tristão Assistentes de Produção: Luanah Cruz e Paola Gibram Assistente Administrativo: Éder Lopes Site: Wonderpus Redação Textual do Site: Idjahure Kadiwéu e Tatiane Klein
A foto que ilusta a matéria, está no site do festival, ao lado de outras imagens e pode ser vista por este link. O fotógrafo e cineasta Cleber Kronun de Almeida é do povo Kaingang e vive na Terra Indígena Apucaraninha, no Paraná. Ele é membro do Centro de Memória e Cultura Kaingang (CMCK) e do movimento Nẽn Ga, um coletivo intergeracional de resistência política.
Festival rec•tyty realizado através do PROAC Expresso Lei Aldir Blanc, Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Governo do Estado de São Paulo, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.