Culinária do milho e da mandioca são Patrimônio Imaterial Mineiro

pessoas sentadas à mesa em reunião em uma salão preservado, com aspecto centenrário
Reunião do CONEP realizada em 05 de julho de 2023, pela manhã (foto Instituto Periférico)
conteúdo enviado pela assessoria de imprensa do Instituto Periférico de Minas Gerais

Projeto Cozinha Mineira Patrimônio celebra o registro dos sistemas culinários do milho e da mandioca como patrimônio cultural imaterial do estado

Minas Gerais está em festa. Na manhã desta quarta-feira, 5 de julho, durante reunião do Conselho Estadual do Patrimônio Cultural (Conep), foi aprovado o registro dos Sistemas Culinários da Cozinha Mineira – O milho e a mandioca como patrimônio cultural imaterial do estado, o que torna a cozinha mineira oficialmente um patrimônio dos mineiros. O registro é resultado de um trabalho de mais de dois anos, que envolveu a produção de um complexo dossiê, que englobou não só os sistemas registrados, mas também uma caracterização detalhada da história da cozinha mineira. A produção desse dossiê ficou sob a responsabilidade do Instituto Periférico em uma cooperação técnica com o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG).

Ao longo desses quase dois anos, uma equipe de experientes pesquisadores se dedicou à escrita do dossiê, que aborda perspectivas históricas, antropológicas e ambientais da cultura alimentar e sua centralidade para a construção identitária de Minas Gerais e a importância da continuidade dos saberes tradicionais. Além da tratativa teórica, também compõe o dossiê um extenso levantamento de dados a partir do acervo do Iepha-MG em relação ao Programa ICMS Patrimônio Cultural. Assim, foi possível mapear o que os municípios mineiros têm inventariado e registrado sobre os sistemas culinários do milho e da mandioca.

Durante a reunião, o relator do Conep, Flávio Carsalade, apresentou seu parecer em relação ao dossiê e abriu votação sobre o pedido de registro, que foi aprovado pelos conselheiros. Também foi apresentado aos presentes um vídeo-documentário sobre a cozinha mineira e as vivências com relação à cozinha ao milho e à mandioca, destacando os quilombos, as cozinheiras, as quitandeiras e os detentores de saberes em geral, mostrando como eles se relacionam com o tema.

Com esse registro oficializado, a cozinha mineira entra em uma nova fase de proteção e salvaguarda, com desenvolvimento de diversas políticas públicas com objetivo de preservá-la e valorizá-la.

De acordo com a diretora-presidente do Instituto Periférico, Gabriela Santoro, ao registrar a cozinha mineira abre-se um caminho para o desenvolvimento de diversas políticas públicas com foco na promoção e salvaguarda da mesma. “A cozinha mineira tem grande importância na constituição cultural de Minas Gerais. A cultura alimentar é intrínseca à cultura de Minas, representa dinâmica familiar, religiosidade, festividades e várias formas de socialização. A cozinha vai muito além do alimento. É algo tão central na cultura do estado que tudo esbarra nela. Por isso, ela tem que ser valorizada, protegida e preservada”.

A coordenadora do projeto Cozinha Mineira Patrimônio, Luciana Praxedes, explica que a escolha dos sistemas culinários do milho e da mandioca se deu pela sua presença, representando parte importante dos sabores, saberes e técnicas envolvidas na culinária de Minas Gerais. “A partir desse registro, outros sistemas da cozinha mineira podem ser estudados, inventariados e registrados como bem imaterial do estado, aumentando ainda mais a salvaguarda da história, da cultura e das tradições mineiras”.

Segundo ela, a cozinha é um lugar que centraliza o “ser mineiro”, que simboliza a sociabilidade de Minas Gerais. “Esse lugar reúne diversos saberes, ofícios, instrumentos, técnicas e tradições alimentares que se desenvolveram principalmente a partir do encontro entre indígenas, africanos, e europeus que se instalaram no estado mineiro, um encontro\ marcado por hierarquias sociais, práticas conflitantes e apropriações”.

Para além da produção do dossiê e formalização do registro, o Instituto Periférico vai entregar nos próximos meses um caderno de patrimônio, publicação produzida em conjunto com o Iepha-MG, uma cartilha para uso da rede de ensino e 30 filmetes com temas específicos da cozinha mineira.

Para os interessados, tanto o dossiê, quanto o documentário, já podem ser acessados por meio do site www.cozinhamineirapatrimonio.com.br.

O Inventário da Cozinha Mineira tem o patrocínio da Gerdau, da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), por meio da Lei de Incentivo à Cultura, do Governo Federal, e parceria da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), firmada através de acordo de cooperação técnica entre o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e o Instituto Periférico.

1 comentário a "Culinária do milho e da mandioca são Patrimônio Imaterial Mineiro"

  1. Zilda Gabriel da silva | 6 de Julho, 2023 às 22:48 |

    Parabéns o povo mineiro merece,o melhor lugar da família é na cozinha, onde aprendemos sabores e saberes do nosso povo.

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