Exposição itinerante chega à região de Moema mostrando o mundo microscópico através de obras de arte contemporânea, dentro de um ônibus de 15 metros
O propósito do Busão das Artes é ampliar a compreensão do público sobre o universo, o corpo humano, as bactérias (tanto as benéficas quanto as perigosas) e a relação dos indivíduos com o meio ambiente.
O Busão das Artes é, na verdade, um caminhão bau, adaptado como ‘galeria de arte’, com obras de artistas contemporâneos que apresentam o mundo microscópico das ciências e do meio ambiente. A mostra foi inaugurada no ano passado no Rio de Janeiro, passou pelo Horto Florestal aqui em São Paulo e chega nesta hoje, quinta (10) ao Parque do Ibirapuera.
O projeto é composto por oito obras de arte (veja quadro abaixo), em duas vertentes: uma científica, abordando temas relacionados ao organismo humano e outra ambiental, que trata das bactérias e seu papel no ecossistema. Ele tem curadoria de Marcello Dantas, especialista em projetos imersivos na fronteira entre a arte e a tecnologia, em parceria com o físico e Doutor em cosmologia, Luiz Oliveira.
Luiz Oliveira comenta que o eixo que guia a mostra é o conceito de diversidade: “Na primeira etapa, apresentamos a diversidade interna que nos constitui, tratando de nossa bioflora ao falar de fungos e bactérias. Na segunda, abordamos a diversidade do mundo externo e tudo que assimilamos dele. Vamos pensar criticamente sobre a prática de retirar e processar elementos do meio ambiente, devolvendo a ele os resíduos deste processamento”.
“A vida vem da luz invisível — Os povos que moram no nosso corpo” é a obra de Jaider Esbell (1979-2021), indígena da etnia Macuxi, e mostra a interação entre fungos e bactérias – uma das mais antigas colaborações e competições da natureza. “Merde Essenciel” foi criada por Piero Manzoni (1933-1963) e fala sobre o destino das fezes na Natureza, ao tornarem-se um ambiente de nutrientes e bactérias que impulsionam novas vidas enquanto preservam sua identidade biológica. “Como conversar com árvores”, de Ricardo Carvão, é composta por esculturas de materiais reutilizados que mostram como as substâncias atravessam e se transformam dentro de cada célula do corpo, bem como nas árvores. “Polonizando ideias” é a de Ricardo Siri, que traça um paralelo entre os humanos e as abelhas a partir da biologia e da essencial arte de polinização, permitindo que o ciclo reprodutivo das flores seja completado. “Curiosar”, de Suzana Queiroga, traz uma experiência tridimensional dos corpos se entrelaçando com camadas de culturas bacterianas em escala humana. “Umbigos” é a mostra de Vik Muniz, com a mais completa biometria de um ser humano: a microflora do umbigo (mais identitária do que qualquer outra forma de tornar o indivíduo único). “Sesmaria Soundsystem”, de Vivian Caccuri, é um sistema de som modelado puramente a partir de rapadura obtida da cana-de-açúcar, reinterpretando derivados da cana em mídia de reprodução de som que ecoam barulho das folhas da cana, das queimadas e dos insetos que gravitam em torno do material. “Pikaia” é a instalação de Walmor Corrêa, que oferece a imagem do beijo imaginário da Pikaia gracilens - animal marinho extinto que viveu há 505 milhões de anos, no período Cambriano na forma de cartazes e adesivos.
Busão das Artes no Parque do Ibirapuera Exposição aberta em períodos de 4 dias: 10 a 13, 15 a 18 e 24 a 27 de agosto, e ainda: 29 de agosto a 1 de setembro, e 04 a 07 de setembro. Sempre das 9h às 17h. Informações sobre agendamentos em busaodasartes.com.br