por Patrícia Montagner
Em 2019, a regulamentação de produtos à base de cannabis para uso medicinal foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), permitindo a venda em farmácias, mediante prescrição médica, e ficando sujeitos à fiscalização da agência. Agora, neste mês, a Anvisa publicou a autorização sanitária de mais dois produtos à base da planta, totalizando sete itens aprovados até o momento.
Em junho, a Comissão Especial da Câmara aprovou projeto de lei que autoriza o cultivo da planta cannabis sativa no Brasil, para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais. A proposta segue em tramitação. A cada dia, estudos são publicados sobre os benefícios da cannabis medicinal para as mais variadas enfermidades. Porém, apesar das evidências científicas e frequentes discussões sobre a questão, ainda esbarramos com a falta de informação e um persistente estigma em relação ao tema, com muita confusão entre uso medicinal e recreativo. A falta de educação qualificada na área é o principal empecilho para a popularização dos benefícios da Medicina Endocanabinoide no Brasil.
Outro ponto de entrave para maior avanço é que ainda são poucos os médicos que incluem a medicação no seu arsenal terapêutico. A comunidade médica é a liderança natural e correta no esforço de esclarecimento da sociedade, mas, para tomar a frente, precisa se preparar melhor para isso. É preciso estimular médicos e outros profissionais de saúde a estudarem e se prepararem para consolidar o uso dos medicamentos à base de cannabis na sua prática médica. Nós, médicos, temos a obrigação de garantir aos nossos pacientes a melhor assistência disponível e incorporar a nossa prática médica ferramentas terapêuticas comprovadamente seguras e eficazes.
Cada avanço acerca da utilização da cannabis medicinal é celebrado por milhares de pessoas, portadoras de doenças graves, refratárias e incapacitantes, que tiveram, nessa terapia, êxito no tratamento, após esgotarem todas as outras disponíveis. Um motivo mais do que plausível para a urgência em garantir um processo guiado pelo conhecimento científico e pela ética, que cumpra a finalidade maior de proteger e proporcionar melhores resultados aos pacientes.
Sobre a autora: Patrícia Montagner é médica, especialista em Neurocirurgia e fundadora da WeCann Academy, comunidade global e centro de estudos em Medicina Endocanabinoide
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