Dias Perfeitos, de Wim Wenders, estreia nesta quinta

imagem de um homem deitado em tatame de um quarto tradiconal japonês, no escuro com apenas uma luminária, lendo um livro.
cena de Dias Perfeitos, ©2023 MASTER MIND Ltd

Indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional pelo Japão e vencedor do prêmio de melhor ator em Cannes 2023, com Koji Yakusho, o filme estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta, dia 29.

Friamente descrevendo, o filme Dias Perfeitos, de Wim Wenders, retrata a rotina de um zelador de banheiros, de meia-idade, na cidade de Tóquio. Mas não há como se descrever friamente este filme. Apesar de não apenas a história girar em torno deste homem, mas também o filme ter nascido a partir de uma demanda sobre este tema, o longa vai bem mais além. Trata-se de um ‘estudo’ sobre simplicidade e empatia, e também fuga e solidão.

O projeto de Dias Perfeitos (Perfect Days, no original) começou a ser desenhado depois que o diretor alemão Wim Wenders foi procurado por um empresário japonês, sugerindo uma série de curtas sobre um projeto de modernização de banheiros públicos de Tóquio. O projeto transformou 17 banheiros na região de Shibuya, na capital japonesa e os elevou a atração turística não convencional (veja no site Tokyo Toilet Project).

O diretor, no lugar de realizar esta série documental, aproveitou os banheiros como cenário da ação. Acompanhamos a rotina do protagonista, Hirayama (Koji Yakusho), desde a hora que acorda e se arruma para o trabalho, como um zelador de banheiros, até suas interações – quase todas sem falas – no dia de trabalho, os horários de lazer e também refeições. A atuação de Koji Yakusho rendeu o merecido prêmio de melhor ator em Cannes.

Acompanhamos um período da vida de Hirayama, sua paixão pela música que escuta em fitas K7, os livros que devora todas as noites, comprados em sebos, e fotografia analógica em preto e branco. Muitas vezes, a trilha sonora de Dias Perfeitos é quase protagonista, como em vários filmes de Wim Wenders. Além de músicas icônicas dos anos 60 e 80, na versão original, reproduzidas na van do protagonista, há uma emocionante (pela cena) versão em japonês de “The house of the Rising Sun”.

São algumas atitudes do protagonista, à parte da sua rotina diária metódica, que se destacam e mostram seu lado mais humano, solidário e sábio. O roteiro não nos informa diretamente quem é este homem ou sua história, apenas revela algumas informações do presente e passado. Esse aspecto (mágico?) do filme leva o público a ter visões nem sempre iguais. Na saída da sala de cinema, há quem aponte uma tristeza ou melancolia, ao mesmo tempo que outros só vêem bondade.

Além dos banheiros incríveis de Tóquio e de alguns parques, como o que Hirayama vai para o almoço diariamente, as locações destacam ícones da cidade. São algumas vias expressas da capital japonesa, a orla do rio Sumida e, ao longe, a torre de TV, Tokyo Skytree. O filme foi exibido em diversos festivais, já recebeu o prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes 2023 (Koji Yakusho) e é indicado ao Oscar Melhor Filme Estrangeiro.

Sinopse: Hirayama é um homem de meia-idade contemplativo, que vive uma vida modesta e serena, passando os dias equilibrando seu trabalho de zelador obediente dos numerosos banheiros públicos de Tóquio com sua paixão pela música, literatura e fotografia analógica. À medida que nos juntamos a ele na sua rotina diária metódica, uma série de encontros inesperados começam gradualmente a revelar um passado oculto em sua vida feliz e harmoniosa. O filme explora temas como a solidão, fuga e busca de sentido na vida moderna.

Direção: Wim Wenders

Roteiro: Wim Wenders, Takayuki Takuma

Elenco: Koji Yakusho, Tokio Emoto, Arisa Nakano

1 comentário a "Dias Perfeitos, de Wim Wenders, estreia nesta quinta"

  1. Muito boa resenha! Deu vontade de usufruir da película!

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